Abandonando o barco –
Encerrado o primeiro impacto gerado pela tragédia que se abateu sobre Angra dos Reis (RJ) na virada do ano, autoridades locais decidiram adotar medidas drásticas para evitar novas ocorrências. No Morro da Carioca, na parte continental da cidade, casas construídas na encosta estão sendo demolidas. Na Ilha Grande, onde 29 pessoas morreram por conta do deslizamento de terra e pedras, apenas trinta famílias poderão permanecer no local. O restante terá de abandonar propriedades, investimentos e sonhos. A adoção de medidas é necessária, mas é preciso lembrar que quando autoridades permitem que casas sejam construídas em áreas de risco, cobrando inclusive impostos e taxas, a responsabilidade passa a ser do Estado, como um todo. Eis o custo da leniência do Estado. Se por um lado ninguém pode ser alvo de prejuízos materiais – os emocionais ficam de fora dessa contabilidade –, por outro as autoridades responsáveis pela tragédia não devem tirar proveito político de qualquer tipo de ajuda futura. E já tem gente faturando em cima da desgraça alheia.