Arruda abusa da desfaçatez em discurso que pede perdão

Filme antigo

arruda_04O governador José Roberto Arruda (sem partido) abusou do bom sendo durante um discurso de 25 minutos na posse dos novos diretores de escolas públicas do Distrito Federal. No primeiro discurso público depois do escândalo das propinas, que envolveu o governo do Distrito Federal e a Câmara Distrital, Arruda pediu perdão e falou em pecado. Teria pecado ao manter no cargo de secretário de Relações Institucionais, o ex-delegado da Polícia Civil Durval Babosa, o homem que divulgou vários vídeos em que aparecem autoridades recebendo dinheiro em espécie, inclusive o governador. “De coração, mesmo, perdoo quem me insulta todo dia. Sabe por quê? Porque só assim posso pedir perdão pelos meus pecados”.

O pedido de perdão lembrou o caso da violação do painel do Senado Federal, onde foi flagrado com o falecido senador Antônio Carlos Magalhães (BA) espionando a votação do painel eletrônico. Os dois acabaram renunciando ao mandato para não serem cassados pelos pares. Em discurso no púlpito do Senado, Arruda pediu desculpas ao eleitorado pelo desvio de caráter.

Para os novos diretores das escolas, o governador voltou a se colocar como vítima do caso de corrupção investigado atualmente pela Justiça. Disse que o “tempo é o senhor da razão” ao afirmar que irá provar sua inocência. Arruda observou que as imagens no vídeo “são fortes”, mas naquela em que aparece recebendo um bolo de dinheiro aconteceu dois anos antes das eleições de 2006, cujo valor teria sido registrado na campanha eleitoral para governador. No discurso disse que “as pessoas que se voltaram contra mim” tem um motivo. “Eu sei. É que não conseguiram fazer no meu governo o que faziam antes”, numa alusão a administração de seu antigo mentor político, o ex-governador Joaquim Francisco (PSC).