Medo desnecessário –
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Muitos assuntos discutidos, incluindo as eleições gerais desse ano, mas nada sobre a Comissão da Verdade e sobre o terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos. O grupo de coordenação política do Palácio do Planalto esteve reunido nesta segunda-feira por pouco mais de duas horas, no primeiro encontro do ano no Centro Cultural Banco do Brasil, onde está provisoriamente instalada a sede do governo brasileiro. A justificativa da falta de comentários sobre o mais grave problema político dos últimos meses do presidente-metalúrgico Lula da Silva é que os dois ministros, Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, e Nelson Jobim, da Defesa, não estavam presentes. Normalmente, os dois não participariam da reunião da coordenação política.
Vannuchi está ainda em férias e Jobim volta hoje à rotina do trabalho na Esplanada dos Ministérios. Os dois se estranharam quando foi divulgado o conteúdo do Programa Nacional de Direitos Humanos, que desagradou a vários segmentos da sociedade, além dos militares das Forças Armadas. Ambos estão em rota de colisão e dispostos a sair do governo se suas exigências não forem atendidas. O Plano é um amontoado de propostas que ferem temas legais e constitucionais, o e isso desagradou a Igreja, o agronegócio e os veículos de comunicação. O texto deixa claro que haverá uma censura no conteúdo editorial dos jornais, rádios, televisões e sites de internet, um velho desejo da esquerda radical do Partido dos Trabalhadores. Os militares reclamam que investigar os militares no período de chumbo é colocar apenas um peso na balança. Se for investigado o regime militar, deveriam ser também investigados os chamados terroristas que assaltaram e mataram em nome da democracia. E no vácuo de uma investigação isonômica a ministra Dilma Rousseff, a velha companheira Estela, irá de roldão com extrema facilidade.