Barrado no baile – Governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho foi abatido em pleno voo, logo após usar a retomada da Vila Cruzeiro e o Complexo do Alemão como plataforma de decolagem política. Ao deixar o encontro com a presidente eleita Dilma Rousseff, em Brasília, ocasião em que tratou da permanência das tropas federais no Rio, o falastrão Cabral Filho tratou de anunciar Sérgio Côrtes como o ministro da Saúde do novo governo. Menos de 24 horas depois, o governador foi desmentido pela equipe de transição, que garantiu que não há ainda um nome escolhido para comandar a pasta.
O desmentido não significa que o assunto foi tratado durante o encontro na Granja do Torto e que Dilma tenha feito o convite, através do governador, para o secretário de Saúde do Rio de Janeiro, mas Sérgio Cabral foi vítima do poder de fogo do próprio partido, o PMDB, que continua na mão de seus conhecidos caciques. A operação de abate foi comandada pelo deputado federal Michel Temer (PMDB-SP), eleito vice-presidente, e pelo presidente do Senado Federal, José Sarney (PMDB-AP). Descontente com os rumos da composição da equipe ministerial do novo governo, o PMDB quer no mínimo manter as pastas que ocupa atualmente: Integração Nacional, Minas e Energia, Comunicações, Saúde e Defesa.
O atual ministro da Saúde, José Gomes Temporão, foi indicado pelo presidente Luiz Inácio da Silva a pedido do governador fluminense, que fez do PMDB uma barriga de aluguel. Sérgio Cabral tentou manter o seu naco no governo federal, mas o partido argumentou que a indicação de Sérgio Côrtes ficaria na cota pessoal de Dilma Rousseff, que vem enfrentando problemas seguidos para encerrar a escolha de assessores.
Com a degola, mesmo que temporária, de Sérgio Côrtes, voltam ao páreo para assumir o Ministério da Saúde dois nomes que tinham sido descartados. Roberto Kalil Filho, médico do presidente Lula e da eleita Dilma Rousseff, e Maurício Ceschin. Atual presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar, Ceschin comandou plano de assistência médica Medial Saúde e foi superintendente do Hospital Sírio-Libanês, onde a petista Dilma fez tratamento contra câncer linfático.
A briga entre os dois candidatos volta a ser grande, mas nos últimos dias Maurício Ceschin contabilizou um prejuízo. A intifada que a classe médica decidiu fazer como forma de protestar contra os planos de saúde, que cada vez mais pressionam para a redução dos exames solicitados pelos médicos, sem contar que os valores pagos pelas consultas estão muito defasados.