Jogo rasteiro –
A exemplo da cúpula do PMDB, que não quer ter a paternidade na indicação do secretário de Saúde do Rio de Janeiro, Sérgio Côrtes, para o Ministério da Saúde, boa parte da bancada do Partido Progressista não pretende avalizar o deputado federal Mário Negromonte (BA) no Ministério das Cidades. Corre no ninho dos progressistas que o deputado baiano é cria do governador baiano Jaques Wagner, portanto, uma indicação do petismo da Bahia.
Esta talvez seja a principal resistência e o motivo das desavenças que podem fazer com que o PP perca seu espaço no primeiro escalão do futuro governo Dilma. Ao lado de Negromonte, construiu trincheira o deputado catarinense João Pizzolatti, ambos encarregados de negociar a participação junto ao Palácio do Planalto. O senador Francisco Dornelles, alçado à presidência da executiva nacional, disse na quarta-feira (1) que não participa das negociações. “É melhor falar com Negromonte e Pizzolatti”, disse à reportagem do ucho.info.
Ocorre que a atuação de ambos é vista com suspeita por muitos colegas de Parlamento. Não foram poucas as vezes que em nome da liderança da bancada na Câmara foram negociados benefícios que só atenderam a um grupo pequeno de deputados. Pizzolatti é o atual líder da bancada e pode não retornar na próxima legislatura por conta da Lei da Ficha Limpa. Negromonte foi reeleito com apoio maciço do PT e da máquina estadual capitaneada pelo governador Wagner. Essa estrutura permitiu inclusive a eleição do filho de Negromonte para a Assembleia Legislativa.
A falta de autoridade para falar pelos demais pode ser fundamental na entrega do Ministério das Cidades ao PMDB. Há um descontentamento também com o trabalho do atual ministro Márcio Fortes, muito mais uma indicação pessoal do presidente-metalúrgico Lula da Silva do que do PP.