Gim Argello não resiste à pressão e sob acusações deixa a relatoria da Comissão do Orçamento

Fora do barco – Relator do Orçamento Geral da União para 2011, o senador Gim Argello (PTB-DF) não resistiu à pressão dos partidos de oposição e renunciou à função temporária. Acusado de apresentar emendas em favor de entidades que contratam empresas fantasmas, Argello disse no início da tarde desta terça-feira (7) que não deixaria a relatoria da Comissão e que gostaria de ser investigado pelos órgãos competentes.

Gim Argello foi pressionado pelo Palácio do Planalto e pela assessoria da eleita Dilma Rousseff, que desejam votar ainda neste ano o projeto do Orçamento para 2011. Diante das sérias acusações, o senador petebista decidiu atender aos apelos palacianos e abandonou a relatoria da Comissão Mista do Orçamento. Desde 1993, quando ocorreu o escândalo que ficou conhecido nacionalmente como “Os Anões do Orçamento”, a Comissão tem sido alvo de suspeitas e manobras nada ortodoxas.

Confira abaixo a íntegra da carta em que o senador Gim Argello informa sobre o afastamento da Comissão Mista de Orçamento.

“Brasília (DF), em 7 de dezembro de 2010

Senhor Presidente

Senhores Membros da Comissão Mista de Orçamento.

Venho a esta Comissão para cumprir meu dever de transparência, lealdade e desprendimento. Em respeito ao Congresso Nacional, aos ilustres parlamentares desta Casa, que me honraram com a escolha para representá-los como relator geral do Orçamento Geral da União, ao meu partido, o PTB, que me confiou esta difícil missão e, especialmente, ao povo do Distrito Federal, decidi, no dia de hoje, após conversas com meus familiares, afastar-me definitivamente da relatoria e da própria Comissão Mista de Orçamento.

Há uma tentativa recorrente de associar esta comissão a supostas irregularidades na aplicação de verbas públicas. Como parlamentar atento dos meus deveres e obrigações, considero que meu afastamento é uma iniciativa que deve contribuir para não contaminar os bons trabalhos que aqui vêm sendo realizados em prol da sociedade.

Da mesma forma evitamos que manobras políticas instalem uma crise artificial no limiar do novo governo. Desta forma espero também contribuir para votação serena responsável da peça orçamentária.

Desde o primeiro momento, adotei todas as providências ao meu alcance no sentido de esclarecer e apurar a verdade. Solicitei formalmente ao Ministério Público Federal, à Controladoria Geral da União e ao Tribunal de Contas da União que façam um pente fino nestas emendas a fim de esclarecer, ponto por ponto, todas as dúvidas suscitadas nos últimos dias. Levo comigo a serenidade e a tranquilidade. Tenho plena consciência de ter elaborado um trabalho isento, legando ao Congresso e à sociedade a certeza de que o primeiro orçamento da presidente Dilma Rousseff é um documento realista que espelha com clareza os anseios da sociedade.

Agradeço mais uma vez o apoio e a confiança do governo federal, desta comissão, dos líderes partidários, dos meus companheiros de partido e passo, a partir de agora, a ser fiscal diário das investigações das denúncias que, injustamente, envolveram meu nome.

Atenciosamente,

Senador Gim Argello”