Lula da Silva reúne ministros para uma pífia e ousada sessão de culto ao ego

Óleo de peroba – Faltando duas semanas para deixar a Presidência da República, Luiz Inácio da Silva continua insistindo na tese de que as realizações de seu governo são históricas. Durante solenidade no Palácio do Planalto, em que apresentou o balanço dos últimos oito anos, Lula ignorou a modéstia e disse que “a única coisa impossível é Deus pecar. O resto, tudo pode acontecer”, disse.

Ao discursar para todos os ministros dos dois mandatos, o presidente disse que entregará à imprensa o documento com o balanço das realizações para “eles [jornalistas] perceberem o quanto perderam de cobrir coisa boa do governo”.

Lula abusa do raciocínio do cidadão ao tentar vender a ideia de que ele foi o verdadeiro descobridor do Brasil, deixando o português Pedro Álvares Cabral em lugar indigno. Na verdade, o que o presidente-metalúrgico fez com competência foi abusar da pirotecnia palaciana para anunciar obras oficiais, muitas delas paradas ou inacabadas.

No bojo do balanço que entregará aos veículos de comunicação, Lula certamente inseriu o programa “Bolsa Família” como a grande realização da sua passagem pelo Palácio do Planalto. É fato que combater a fome e a miséria é uma necessidade premente, mas não se pode criar uma casta de pessoas que se acomodam diante das esmolas oficiais. É importante dar o peixe em um primeiro momento, mas na sequência é preciso ensinar o cidadão a pescar. Do contrário essa camada da sociedade mergulha em uma cômoda letargia. Fora isso, o “Bolsa Família” funcionou como garantidor de um obediente curral eleitoral, teoria que foi comprovada com a eleição de Dilma Rousseff.

No âmbito da geração de empregos, Lula da Silva também deve ter carregado na tinta para destacar o avanço no setor. Mas o presidente finge desconhecer o apagão de qualificação profissional que o Brasil vem enfrentando, o que tem obrigado muitos empresários a importarem mão de obra qualificada.

Entre os temas que ficaram de fora do balanço geral a corrupção foi a primeira a ser esquecida. Até porque, o prometido combate à corrupção evaporou ainda no primeiro mandato de Lula, quando Waldomiro Diniz se envolveu em um escândalo que tinha em um dos vértices ninguém menos que Carlinhos Cachoeira, conhecido empresário da jogatina. Desde então, o governo Lula foi marcado por inúmeros casos de corrupção, a começar pelo reverberante mensalão e o Dossiê Cuiabá, assuntos que continuam sendo empurrados na direção da vala do esquecimento.

Resumindo, Luiz Inácio da Silva, que luta para ser um capítulo vivo da História, nada tem a comemorar, uma vez que esse tipo de manifestação só será viável daqui a duas décadas, quando suas eventuais conquistas estarão solidificadas. Até lá, qualquer movimento comemorativo será mera obra de marqueteiros.