Contrariando os discursos oficiais, o nosso tão necessário pão de cada dia está 11% mais caro

Café salgado – Quando a produção mundial de trigo começou a bambear, autoridades do governo Lula foram correram para afirmar que os solavancos registrados nos campos não causariam reflexos para o consumidor. Diferentemente do que os tecnocratas oficiais alegaram à época, os jornalistas do ucho.info bateram firme na tese de que na mesa do cidadão o sacro e necessário pãozinho ficaria mais caro. Na ocasião, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Miguel Jorge, disse que estávamos totalmente errados.

O tempo passou e, como quase sempre acontece, a realidade dos fatos não refletiu as previsões de um governo que durante quase uma década se sustentou sobre um pântano de mentiras. O que não significa dizer que Miguel Jorge seja adepto das inverdades. Diferentemente do que foi anunciado, o preço do pão chega ao final de 2010 custando 11% mais caro, o que é um absurdo se considerarmos que a inflação oficial está na casa dos 5%.

Nas padarias da capital paulista o preço do pão registrou alta acumulada de 8,94% entre janeiro e outubro. De acordo com o Índice de Preços no Varejo (IPV), divulgado na última semana pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio), a alta é ainda maior nos supermercados, chegando a 10,89%. Para piorar ainda mais o cenário, em algumas padarias da Zona Sul da Pauliceia Desvairada o quilo do chamado pão francês já custa R$ 14.

Assessora econômica da Fecomercio, Júlia Ximenes explicou que o aumento do pão é resultado direto da redução da produção mundial de trigo. De acordo com a economista, um problema pontual na safra russa do trigo, um dos grandes produtores mundiais, forçou a elevação do preço do cereal no mercado internacional de commodities. “Isso acabou pressionando os preços de todos os produtos”, declarou Ximenes.

Ao confirmar a alta do produto, o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), Sérgio Amaral, informou que, entre os meses de julho e novembro, o preço do trigo que o Brasil importa da Argentina subiu 25%. O Brasil importa mais da metade do trigo que consome.

Todo esse cenário mostra a incompetência de um governo populista, que no rastro da promessa de fazer do Brasil um país equânime socialmente deveria ter estoques reguladores de alimentos considerados básicos e vitais. Enquanto isso, o parlamento nacional consumiu dezenas de horas para discutir a adição de fécula de mandioca ao trigo, como se isso pudesse solucionar a questão aqui tratada.

Resumindo, não é apenas o café da manhã que está mais caro, mas também aquela costumeira e dominical macarronada na casa da mãe ou da sogra. Paciência, caro leitor, pois o Brasil continua naquela modorrenta condição de país do futuro.