Permanência de secretário da Segurança Pública provoca rebelião na polícia de SP

Barulho na coxia – Depois do anúncio feito pelo governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), de que a Secretaria de Segurança Pública continuará sob o comando de Antônio Ferreira Pinto, a seara policial entrou em polvorosa. Tudo porque Ferreira Pinto, que assumiu a Secretaria com a saída de Ronaldo Marzagão, deflagrou intrincada operação para investigar policiais corruptos, o que levou a classe a uma espécie de intifada silenciosa.

Com passagens pela Polícia Militar paulista, onde alcançou a patente de tenente, ex-promotor de Justiça e ex-secretário de Administração Penitenciária, Antônio Pinto Ferreira, em sua primeira entrevista após receber o convite de Geraldo Alckmin, não poupou críticas a certos departamentos da Polícia Civil, em especial o Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic) e o Departamento de Investigações Sobre Narcóticos (Denarc), o que levou o Conselho da Polícia Civil a se reunir.

Em encontro mais demorado que o habitual, os vinte e três conselheiros, delegados de longa data e considerados os cardeais da Polícia Civil, se dividiram ao discutir o posicionamento contundente do secretário. Parte do conselho acionou a verborragia na direção de Ferreira Pinto, enquanto outro grupo apostou fichas em uma eventual desculpa pública. Uma minoria, ligada ao responsável pela Segurança Pública em São Paulo, deixou vazar a pauta do encontro. Muito antes do término da longeva reunião, o secretário já sabia do levante silencioso que acontecia na cúpula da Polícia Civil.

As medidas duras adotadas por Antônio Ferreira Pinto para promover uma assepsia na Polícia Civil paulista não significam que todos os seus integrantes são corruptos e ladrões. Na verdade, a Polícia Civil tem em seus quadros profissionais valiosos, honestos e capacitados, muitos dos quais não conseguem ascender profissionalmente porque discordam do conhecido esquema de cobrança de propinas que existe nos subterrâneos policiais.

Ao manter Antônio Ferreira Pinto no cargo, o eleito Geraldo Alckmin aceita, mesmo que de forma indireta, convite feito pelo ucho.info há anos para uma rápida visita a algumas delegacias da capital paulista, a fim de estabelecer um elo lógico entre a condição patrimonial de alguns policiais e os valores recebidos anualmente como salários, prêmios e gratificações laborais.

Fora isso, há um assunto que o secretário de Segurança Pública precisa esclarecer urgentemente. Muitos graduados policiais, que deveriam zelar pela segurança do cidadão com o aparato do Estado, mas alegam não conseguir, oferecem serviços correlatos através de empresas de segurança privada, muitas delas registradas em nomes de parentes.