Futuro difícil – Nas últimas eleições, como sempre acontece, alguns candidatos não se incomodaram em exibir poderio econômico preocupante. Um desses gastadores é José Carlos Becker de Oliveira e Silva, o Zeca Dirceu, eleito deputado federal pelo Paraná. Filho do ex-ministro e deputado cassado José Dirceu, o petista Zeca será vítima das declarações do próprio pai, que o Wikileaks publicou há dias. Em conversa com William Perry, assessor especial do Departamento de Estado dos EUA, “Dirceu admitiu que habitualmente gastou o dobro do que declarou em suas campanhas e que todos os políticos brasileiros empregam algum tipo de caixa dois”.
O ex-comissário palaciano não estava equivocado quando fez tal afirmação, pois o caixa 2 foi transformado, principalmente por políticos, em instituição nacional. Tanto é assim, que se o malfadado caixa 2 for considerado sinônimo de desonestidade o melhor é fechar o Congresso Nacional, quiçá não seja mais adequado encontrar outro destino para Brasília, que não o de sede do governo federal.
Em suas andanças pelo Paraná, Zeca Dirceu colocou nas ruas uma campanha milionária que não apenas despertou a atenção dos adversários, mas abusou da intimidação de cabos eleitorais dos seus oponentes. Na ocasião, o ucho.info sugeriu que a tal gastança poderia desaguar em uma Ação de Impugnação de mandato eletivo por abuso de poder econômico, que encontra fundamento nos parágrafos 10 e 11 do artigo 14 da Constituição Federal, que assim dispõem: § 10 – “O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude”. § 11 – “A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé”.
No rastro do que aqui foi publicado, o ex-deputado estadual José Domingos Scarpelini, do Paraná, que disputou sem sucesso uma vaga na Câmara dos Deputados, ingressou na Justiça Eleitoral com processo em requer a cassação do registro da candidatura, a cassação do diploma e a declaração de inelegibilidade de Zeca Dirceu por abuso de poder econômico. No caso de o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná der provimento à ação, o que pode culminar com a perda de mandato, Zeca e o pai, José Dirceu, ficarão alijados da política por algum tempo. Protocolado no último dia 16 de dezembro, o processo tramita no TRE-PR sob a relatoria do desembargador Prestes Mattar.