Pavio aceso – Para evitar confusões nos aeroportos por ocasião das festas de final de ano, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) proibiu a prática de “overbooking” por parte das companhias aéreas. Algo que deveria ser proibido incondicionalmente, pois a remarcação do bilhete a acarreta uma multa, nem sempre de pequeno valor.
Como já era esperado, os aeroportos brasileiros têm apresentado, desde o início das férias de dezembro e janeiro, problemas ininterruptos de atrasos de voos. De acordo com balanço divulgado pela Infraero, somente nesta quarta-feira (5) dos 1.426 voos previstos 246 (17,3%) sofreram atrasos superiores a meia hora, em diferentes aeroportos. Outros 62 voos (4,3%) foram cancelados.
Quando o Brasil foi confirmado como sede da Copa do Mundo de 2014, Luiz Inácio da Silva abusou mais uma vez de suas mambembes profecias e garantiu que o País realizaria um evento inesquecível. Mas não demorou muito para que o secretário-geral da FIFA, Jérôme Valcke, destilasse sua preocupação com os aeroportos de nossa querida e idolatrada Botocúndia.
Meses antes de desocupar o Palácio do Planalto, Lula prometeu investimentos de R$ 5 bilhões para obras de reforma e ampliação dos principais aeroportos nacionais, não sem antes chamar de “idiotas” aqueles que duvidavam da capacidade de realização do governo federal. Sucessora de Lula no principal cargo do País, a neopetista Dilma Rousseff anunciou a intenção do governo de entregar à iniciativa privada a operação de alguns terminais.
Que as obras de infraestrutura aeroportuária estão absolutamente atrasadas todos sabem, mas algo ainda pior deve acontecer pela frente. Antes de privatizar a operação dos principais aeroportos verde-louros, o governo de Dilma Rousseff quer fazer testes em aeródromos menores, localizados no interior de alguns estados nordestinos. É o caso de São Gonçalo do Amarante, cidade do interior do Rio Grande do Norte. Se o governo federal insistir na ideia de realização de testes, a Copa de 2014 será um enorme fiasco.
Enquanto nada acontece no setor, a venda de passagens cresce a cada dia, turbinada pela concessão irresponsável de crédito ao consumidor. Não se trata de priorizar o acesso à aviação comercial aos mais endinheirados, mas de agir com base em um planejamento. Por outro lado, a reforma e ampliação dos aeroportos não serão suficientes para solucionar o caos do setor aéreo. É preciso que o governo faça a sua parte, fiscalizando as companhias de aviação e investindo no controle aéreo.