Palácio Planalto responde sobre crucifixo, mas silencia diante das denúncias no Turismo

Ninho de denúncias – O Palácio do Planalto divulgou nota em que nega a retirada de crucifixo e de uma Bíblia do gabinete da presidente Dilma “Lulita” Rousseff. O crucifixo, segundo nota da Secretaria de Comunicação, pertencia ao presidente Lula da Silva (lei a explicação abaixo). O Palácio do Planalto e o Ministério do Turismo, no entanto, não contestaram oficialmente a denúncia contra o secretário-executivo da pasta, Frederico Silva da Costa.

Nomeado pelo ministro, deputado Pedro Novais (PMDB-MA), o segundo homem no comando da política de turismo do País estaria com os bens bloqueados desde fevereiro de 2010. Ele é acusado de desvio de recursos da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e de tráfico de influência no próprio Ministério do Turismo. Consultada há pouco, a assessoria de comunicação social ministério confirmou à reportagem do ucho.info que “até o momento” não tem resposta.

Oficiosamente sabe-se que Pedro Novais reuniu-se no final de semana com seu auxiliar, mas até agora nada foi informado. O líder da bancada do PMDB na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (RN) – patrocinou a indicação de Morais e do secretário executivo -, não soube informar se o ministro ficou satisfeito com as explicações ou se estuda afastá-lo do cargo.

Antes mesmo que Morais assumisse o ministério, várias denúncias foram formuladas contra o ministro. Uma delas é a apresentação de uma nota fiscal de um motel para comprovar gastos na Câmara dos Deputados. A segunda seria um telefonema ao empresário Fernando Sarney – filho do presidente do Senado, José Sarney – para intermediar uma indicação política. E uma terceira, mais recente, foi a solicitação de um passaporte diplomático e um visto para sua mulher viajar a Miami, nos Estados Unidos, quando ocupava um assento na Câmara dos Deputados.

Na denúncia da revista “Época” contra Frederico Silva da Costa, informa-se que, como coordenador do Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur), ele teria autorizado a liberação de um financiamento de R$13 milhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para a construção de uma rodovia em Goiás, a GO-507, que beneficiou o Rio Quente Resorts, que pertence à sua família.

A estrada reduz em cerca de 30 quilômetros o percurso para os turistas das regiões Sul e Sudeste que visitam a região de Rio Quente, onde está localizado o Rio Quente Resorts, um dos principais polos turísticos do País, por causa de suas águas termais.

Segundo a revista, outro programa do Ministério do Turismo, o Fundo Geral de Turismo (Fungetur), também beneficiou o resort da família do novo secretário executivo com um financiamento. A Caixa Econômica Federal, que administra o Fundo, se nega a revelar o valor dos repasses com o argumento de que seria uma quebra de sigilo bancário. Além disso, no ano passado, pela primeira vez em 18 anos, o tradicional Rally dos Sertões teve uma de suas etapas no Rio Quente Resorts. Foi também a primeira vez que o evento recebeu verbas do Ministério do Turismo: R$ 806 mil. Nesse caso, o ministério afirma que o patrocínio ao evento decorreu de um convênio com o governo de Goiás.

O Ministério do Turismo esteve envolvido em outra irregularidade, com a revelação de que verbas de convênios firmados pela pasta para patrocinar festas e eventos eram desviadas. O escândalo envolveu dezenas de parlamentares no momento em que o Congresso discutia o Orçamento da União para 2011. O senador Gim Argello (PTB-DF) renunciou à relatoria do Orçamento depois da descoberta de que destinou verbas para empresas de fachada.

Nota do Palácio do Planalto

“Jornais, revistas e sites na rede mundial de computadores divulgaram algumas notícias sobre a primeira semana de trabalho da presidenta Dilma Rousseff que merecem esclarecimentos:

1 – Não houve a retirada do crucifixo do gabinete presidencial. A peça pertencia ao ex-presidente Lula que a recebeu de um artista no início do governo. É de origem portuguesa.

2 – Ao contrário daquilo que afirmaram na mídia, não houve a retirada do exemplar da Bíblia de seu gabinete. Ela [a Bíblia] permanece na sala contígua ao gabinete, em cima de uma mesa – onde por sinal a presidenta já encontrou ao chegar ao Palácio do Planalto.

3 – Embora goste de trabalhar com laptop, a presidenta não mudou o computador da mesa de trabalho. Continua sendo um desktop.”