Custo de vida na capital paulista mostra que o Brasil de Lula não é o país de todos

Os números não mentem – Calculado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o Índice do Custo de Vida (ICV) da cidade de São Paulo registrou alta de 6,91% em 2010 – a maior variação desde 2004 e foi maior entre as famílias mais pobres.

Confirmando os resultados das pesquisas de preços realizadas pelo ucho.info em 2010, as despesas com alimentação tiveram maior alta no ano, 11,95%. Outros três grupos registraram apresentaram variações: habitação (6,68%), educação e leitura (5,48%) e saúde (5,45%).

De acordo com o Dieese, o ICV foi mais elevado para as famílias de menor poder aquisitivo, com renda média de R$ 377,49. Nesse segmento, o custo de vida subiu 7,67%. Para as famílias com renda média de R$ 934,17, o aumento foi de 7,44%. No grupo das famílias com renda mais elevada (média de R$ 2.792,90), a taxa ficou em 6,49%. Os números mostram que o retorno da inflação é uma realidade que começa a assustar e sua redução para a meta prevista pelo governo federal não será tarefa das mais fáceis.

A disparada do custo de vida na maior cidade brasileira pode ser muito maior que a anunciada, pois o levantamento realizado pelo Dieese leva em conta a média dos dados coletados. No início de dezembro de 2010, um abacaxi custava, no Ceagesp, R$ 5,40, mas no último final de semana o preço pulou para R$ 5,90, alta de 9,26% em apenas um mês.

A pesquisa do Dieese traz dois fatos preocupantes. O primeiro deles é a penalização imposta às famílias de baixa renda, faixa da população onde a alta do custo de vida foi maior. O que mostra que o Brasil está longe de ser o país de todos, como garantiu o slogan utilizado durante anos a fio pelo ex-presidente Luiz Inácio da Silva para ludibriar a opinião pública. O segundo, preocupante e incompreensível, é que o Dieese avaliou o impacto do custo de vida nas famílias com renda média de R$ 377, valor que está muito aquém do salário mínimo. E entende-se por salário mínimo o menor valor que, fixado por lei, pode ser pago a um trabalhador.