Prisão iminente – A preocupação que está tirando o sono do presidente do Senado Federal, José Sarney (PMDB-AP), não é a sua tentativa de reeleição em fevereiro próximo. Também não é a manutenção de afilhados na administração pública, tema que teria provocado a sua viagem a São Bernardo do Campo com o ex-presidente-metalúrgico Lula da Silva. O senador estaria mais interessado com o futuro do seu primeiro filho, o empresário Fernando Sarney.
Fontes próximas a José Sarney comentam que a situação de Fernando não é das melhores. Sarney teria sido informado que poderiam ser emitidas novas ordens de prisão contra Fernando, indiciado no dia 15 de julho de 2009 por formação de quadrilha, gestão de instituição financeira irregular, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. O empresário, naturalmente, nega as acusações.
Tudo começou há cerca de dois anos, quando a Polícia Federal deflagrou a Operação Boi Barrica, rebatizada de Faktor. A operação investigava supostas ilegalidades em movimentações financeiras feitas por empresas da família Sarney na campanha eleitoral de 2006, no Maranhão.
No início de março do ano passado, a “Folha de S.Paulo” publicou uma reportagem informando que o governo brasileiro obteve documentos que comprovam que o filho do presidente do Senado movimentou dinheiro no exterior sem declarar à Receita Federal. Autoridades da China informaram ao Ministério da Justiça que o empresário opera pessoalmente uma conta em paraíso fiscal, em nome de uma empresa “offshore” com sede no Caribe.
O Ministério da Justiça, que confirmou no dia 25 de março passado que o governo suíço localizou e bloqueou uma conta com US$ 13 milhões do empresário, informou também que os indícios sobre a existência de contas da família Sarney no exterior, administradas por offshores, em paraísos fiscais, apareceram em investigações da Polícia Federal. Eduardo Ferrão, advogado do empresário, confirmou que o inquérito está sob sigilo.
A conta na Suíça está em nome da empresa Lithia. Nos registros bancários, noticiou o jornal, o empresário era o único autorizado a movimentar a conta. O bloqueio teria acontecido quando Fernando Sarney tentava, de acordo com informações do matutino, transferir recursos da Suíça para o principado do Liechtenstein, um paraíso fiscal localizado entre a Áustria e a Suíça.
O Ministério da Justiça confirma que as autoridades suíças bloquearam administrativamente a conta do filho mais velho do senador Sarney, responsável por dirigir as empresas da família. Esse procedimento antecede o bloqueio de caráter criminal, que só será adotado caso o governo brasileiro consiga provar junto à Suíça que o dinheiro não declarado à Receita também é proveniente de operações financeiras envolvendo corrupção ou fraudes bancárias.