Em meio aos mortos, ministro da Justiça reúne-se com o governador do Rio para falar de segurança

Fora do tom – Imaginar que a política faz da coerência a sua mola propulsora é abusar da tolice. No momento em que o Rio de Janeiro para diante da tragédia que se abateu sobre as cidades de Teresópolis, Petrópolis e Nova Friburgo para contar seus mortos, cujo número até as 18 horas desta quarta-feira (12) já era de 139, integrantes do governo da neopetista Dilma Rousseff entendem que as autoridades fluminenses estão prontas para reuniões e outros que tais.

Ministro da Justiça, o advogado e deputado federal licenciado José Eduardo Martins Cardozo (PT-SP), que durante a corrida presidencial foi um dos coordenadores da campanha da então candidata palaciana, participa na quinta-feira (13) do primeiro encontro com o governador Sérgio Cabral Filho (PMDB), “para discutir ações de parceria entre o governo federal e o estado do Rio na área de segurança pública”. É o que informa a nota distribuída à imprensa pela assessoria do ministro.

De acordo com o comunicado, o encontro é o primeiro de uma série que José Eduardo Cardozo “fará nos próximos dias com governadores, a fim de construir uma aliança com os governos estaduais no enfrentamento à violência e ao crime organizado, compromisso assumido pelo ministro em seu discurso de posse”.

É fato que poucas situações podem interromper o cotidiano de uma nação, mas a prioridade do Rio de Janeiro no momento não é discutir assuntos relacionados à segurança pública, mas contar os mortos e socorrer as vítimas das chuvas e deslizamentos de terra ocorrido na Região Serrana fluminense.

Ora, se a aludida parceria será firmada com outros governos estaduais, o melhor que o ministro da Justiça pode fazer no momento, em respeito às vítimas do Rio de Janeiro, é reunir-se na quinta-feira com qualquer outro governador, menos com Sérgio Cabral, que por certo terá uma enxurrada de assuntos emergenciais para resolver. E se o governador do Rio não tomou a iniciativa de desmarcar o encontro, é porque a falta de juízo que lhe é imposta pelo folclore da política já passou para o campo da realidade.