Senadora eleita pelo PT defende mínimo miserável, mas Dieese sugere salário acima de R$ 2 mil

Reflexo do tempo – Nos tempos em que fazia oposição cerrada aos ocupantes do poder, o Partido dos Trabalhadores abusava da intransigência ao defender um aumento maior do salário mínimo, bem acima dos valores suportados pelos cofres federais. Atualmente fixado em R$ 540, através de Medida Provisória editada no apagar das luzes do governo do messiânico Luiz Inácio da Silva, o salário mínimo transformou-se em massa de manobra dos que ficaram de fora da composição do governo da neopetista Dilma Vana Rousseff.

Senador eleita pelo PT do Paraná, Gleisi Hoffmann, que assume o mandato no próximo dia 1º de fevereiro, disse, em entrevista ao UOL, que o aumento pleiteado principalmente pelas centrais sindicais e dos órgãos que representam os aposentados não deve passar de R$ 10, o que elevaria o salário mínimo para míseros R$ 550. Na opinião da parlamentar petista, o governo deve manter-se fiel às regras de reajuste do salário mínimo, pautado pela variação da inflação e do PIB. “A regra [do reajuste] leva o mínimo para R$ 543”, declarou Gleisi Hoffmann, que não descartou a possibilidade de o governo arredondar o valor para R$ 545 ou R$ 550. “Tenho absoluta certeza e convicção de que o governo aceitará se o Congresso corrigir para R$ 543. Mais do que isso, já não cabe nas contas públicas, não tem condições”, completou a senadora.

Presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann defende o salário mínimo nos atuais R$ 540, mas sugere que no segundo semestre o governo de Dilma Rousseff aumente para R$ 580, atendendo à reivindicação das centrais sindicais. O Palácio do Planalto resiste à ideia, argumentando que cada R$ 1 de acréscimo causa impacto de R$ 249,3 milhões na folha de benefícios da Previdência Social. O recente aumento, de escassos R$ 30, provocará uma despesa adicional de R$ 7,48 bilhões nas contas públicas. Valor que parcialmente retornará aos cofres federais em forma de impostos com a maior entrada de dinheiro na economia.

Referência do PT em tempos pretéritos, especialmente quando o assunto era reajuste salarial, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) concluiu que o valor do salário mínimo deveria ser de R$ 2.227,53. De acordo com o órgão, o valor sugerido levou em conta o valor da cesta básica em dezembro, ale de ir ao encontro do que estipula a Constituição Federal em relação às garantias mínimas, como alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência.

Traduzindo para o bom e velho português, o PT só chegou à condição de vidraça porque soube enganar muito bem enquanto agiu como pedra.