Excesso de chuva e a incompetência do Estado causam prejuízo bilionário às indústrias de SP

Governantes calados – No começo da noite de terça-feira (18), o mais rico e importante estado brasileiro, São Paulo, voltou a submergir nas águas das chuvas de verão. Locomotiva do desenvolvimento nacional e maior reduto do PIB tupiniquim, a região metropolitana de São Paulo foi mais uma vez tomada por enchentes, fenômeno que nos últimos tempos tem trazido à tona a incompetência teimosa dos gestores públicos.

Em Santo André, os principais córregos transbordaram com rapidez e inundaram boa parte da destacada cidade do ABC paulista. A extensão do estrago foi tamanha, que quatro pessoas que ficaram ilhadas acabaram resgatadas por um helicóptero da Polícia Militar, no melhor estilo dos filmes de ação de Hollywood. A Avenida dos Estados, que liga Santo André à capital paulista e margeia um trecho do Rio Tamanduateí, inundou, provocando danos materiais e prejuízos a muitas empresas instaladas na região.

Enquanto a grande imprensa se dedica tempo e espaço para noticiar exclusivamente a tragédia, a inoperância do Estado causa prejuízos bilionários à indústria paulista. Levantamento inédito feito pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, a Fiesp, aponta que “a cada mês de chuvas em excesso, há uma perda de R$ 1,3 bilhão”. De acordo com a entidade, os danos causados por enchentes são de R$ 2,1 bilhões.

Tendo como ponto de partida as enchentes e chuvas do verão (2009/2010), a pesquisa ouviu empresas de todos os portes e diversos setores. Para 41% das 478 empresas da Grande São Paulo que foram pesquisadas, o excesso de chuvas e enchentes tem afetado suas atividades. No contraponto, 39% das empresas relataram que as chuvas enfrentadas de verão causam dificuldades no transporte dos produtos, gerando atraso nas entregas. Já para 24%, o problema maior é a falta de pessoal ou o atraso de funcionários que trabalham na produção. Para 15% das empresas o prejuízo está relacionado aos custos operacionais, e para 14% a dificuldade enfrentada é o transporte de matérias-primas, causando a parada da produção. Outro prejuízo citado por 4% das empresas está relacionado à carga, enquanto que para 3%, o estoque e maquinário foram prejudicados devido à inundação da fábrica.

O dado mais preocupante da pesquisa, que poucos dão atenção, é que o prejuízo mensal provocado pelas excessivas chuvas de verão chega a R$ 3,4 bilhões, dinheiro que supera com largueza o orçamento anual de muitos municípios brasileiros. Mesmo diante de números incontestáveis, os ocupantes do poder insistem em pegar carona em desculpas pífias e vexatórias.