Acordo de coxia – O desembarque de Dilma Rousseff em São Paulo, no dia do 457º aniversário da maior cidade brasileira, onde participou da cerimônia em que o ex-vice-presidente da República José Alencar foi homenageado com a “Medalha 25 de Janeiro”, não foi uma cortesia ao empresário que durante oito anos esteve ao lado de Luiz Inácio da Silva no Palácio do Planalto.
A visita de Dilma Rousseff faz parte de uma estratégia político-eleitoral macabra que tem a prefeitura de São Paulo e o governo paulista como alvos principais. Considerada como uma das mais importantes vitrines políticas do País, com orçamento de fazer inveja a muitos estados brasileiros, a cidade de São Paulo volta a ser cobiçada pelo Partido dos Trabalhadores. E a agora senadora eleita e diplomada Marta Suplicy é candidata natural ao cargo, mesmo que o ministro Aloizio Mercadante, de Ciência e Tecnologia, também almeje o posto.
Como o prefeito Gilberto Kassab (DEM) deixará o comando da Pauliceia Desvairada ao final de 2012 e já está de olho nas eleições de 2014, quando pretende disputar contra o governador tucano Geraldo Alckmin o direito de ocupar o palácio dos Bandeirantes, a presidente Dilma trabalha com antecedência para o partido que no passado ela própria criticou com contundência.
Em seu rasante por São Paulo, a neopetista Dilma Rousseff deu mostras que está disposta a tratar Gilberto Kassab como aliado e aproveitou a oportunidade para criticar o tucanato paulista. Toda essa encenação, que teve lugar na sede da prefeitura paulistana, se deve ao fato de que Gilberto Kassab está de mudança para o PMDB, principal legenda da base de sustentação do governo federal. Por trás dessa manobra está ninguém menos que o ex-deputado federal Michel Temer, presidente nacional licenciado do PMDB e vice-presidente da República.
Em outras palavras, ideologia é mercadoria em extinção no mundo da política, ao mesmo tempo em que pudor e coerência jamais existiram nessa seara que há séculos é um imundo e privado clube de negócios.