Movimento antecipado – Sem que a poeira das recentes eleições tenha baixado totalmente, muitos políticos estão de olho no processo eleitoral de 2014. E alguns deles, candidatos naturais ou confessos, já trabalham para garantir vaga no processo sucessório.
Na esfera federal, a presidente Dilma Vana Rousseff é candidata à reeleição, mas seu mentor político, o messiânico Luiz Inácio da Silva, corre por fora para retornar ao Palácio do Planalto em 1º de janeiro de 2015. Prova maior é a sua decisão de ministrar palestras, ao absurdo custo de R$ 200 mil cada, e a presidência de honra do Partido dos Trabalhadores, que a legenda lhe devolverá em breve, função que lhe renderá R$ 13 mil mensais de salário.
No mais rico e importante estado brasileiro, São Paulo, a situação está além da complexidade política. Atual inquilino do Palácio dos Bandeirantes, o tucano Geraldo Alckmin já trabalha com os olhos voltados para 2014. Alckmin ainda não sabe se disputará a reeleição ou tentará novamente chegar ao Palácio do Planalto, mas é certo que será candidato. Tanto é assim, que o governador paulista está empenhado em emplacar alguém da sua confiança na prefeitura paulistana em 2012.
Outro detalhe que reforça a disposição de Geraldo Alckmin de concorrer em 2014 é a sua decisão de manter a indicação de José Bernardo Ortiz como integrante do governo paulista. Condenado pelo Superior Tribunal de Justiça por improbidade administrativa, no rastro de nomeações sem concurso público para cargos na prefeitura de Taubaté, Ortiz assumiu o comando da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE).
A decisão de Alckmin tem um viés político-eleitoral que poucos se deram conta. Senador eleito pelo PSDB e político fiel ao ex-governador José Serra, a quem serviu como chefe da Casa Civil no governo anterior, Aloysio Nunes Ferreira defendia a permanência de Fábio Bonini na direção da FDE. Como Alckmin optou por apagar as digitais deixadas por Serra na máquina estadual paulista, Bonini foi guindado à condição de bola da vez.
Na tentativa de arrancar a cadeira palaciana de Alckmin, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), deve migrar em breve para o PMDB, mas desde já dispara salamaleques na direção da neopetista Dilma Rousseff, a quem trata como aliada. Kassab, que deixará a prefeitura paulistana ao final de 2012, trabalha para ser o próximo governador dos paulistas. O que tem obrigado Geraldo Alckmin a redobrar a atenção, pois o alcaide da Pauliceia Desvairada não tem perdido qualquer evento que lhe proporcione visibilidade eleitoral.
Kassab pode até acreditar que Dilma e o PT darão apoio à sua empreitada para tomar o lugar de Alckmin, mas não se deve esquecer que o Palácio dos Bandeirantes continua sendo o sonho de consumo do PT. Por outro lado, o eventual desembarque de Gilberto Kassab no PMDB e sua disposição de brigar pelo governo paulista contribuem para o projeto de Michel Temer, vice-presidente da República, que insiste em ser o inventariante do espólio político deixado por Orestes Quércia.
Na borda oposta do ninho tucano, o ex-governador de Minas e senador eleito Aécio Neves também se movimenta politicamente tendo como pano de fundo a eleição de 2014. Com mandato de senador garantido até 31 de janeiro de 2019, Aécio pode se lançar em empreitadas mais arriscadas. E foi dele a manobra nos bastidores que garantiu o apoio da bancada do PSDB na Câmara dos Deputados à candidatura do petista gaúcho Marco Maia, que deve faturar com folga a corrida pela presidência da Casa legislativa.
Tal cenário mostra com excesso de clareza que com o poder na mira a briga de foice entre políticos agora acontece à luz do dia.