Construção civil enfrenta problemas com mão de obra cada vez menos especializada

Qualificação zero – Durante a campanha presidencial de 2002, o então candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva prometeu criar 10 milhões de novos postos de trabalho em apenas quatro anos. Meses depois da vitória, o próprio Lula admitiu que tudo não passou de uma promessa de campanha impossível de ser cumprida. E o que foi dito jamais chegou ao campo da realidade. Tal número de novos empregos só foi conseguido com certa dificuldade no segundo mandato de Lula, assunto que o Ministério do Trabalho tratou de anunciar com o costumeiro alarde.

Desde muito antes da crise financeira internacional, os jornalistas do ucho.info já alertavam para o perigo que representava a baixa qualificação da mão de obra brasileira. Com muitas empresas deixando de produzir por causa da concorrência desleal dos produtos estrangeiros, a massa laboral acabou migrando para o setor de serviços, esvaziando outros setores da economia.

Há meses, este site chamou a atenção para uma situação no mínimo inusitada. Empresas brasileiras passaram a contratar profissionais de determinadas categorias no exterior – engenheiros, por exemplo – como forma de suprir a falta de mão de obra especializada no País. Como se tal situação não bastasse, as empresas de construção civil agora enfrentam um novo problema. A falta de trabalhadores qualificados. De acordo com pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), com 375 empresas do setor, 68,4% dos empresários entrevistados apontaram a falta de trabalhadores como um mínimo de qualificação no mercado como uma das três maiores dificuldades da construção civil.

Esse quadro pode produzir consequências complexas e perigosas. A primeira delas é a má qualidade do produto final, normalmente fora dos padrões contratados, situação que pode não apenas render transtornos aos compradores, mas em determinados casos comprometer a segurança do comprador ou usuário. A segunda consequência está no eventual aumento de preço dos imóveis em função da falta de profissionais qualificados e treinados adequadamente.