Autoridades adotam o conhecido “jeitinho brasileiro” e parte do carnaval do Rio vira fumaça

Folia de cinzas – O incêndio que atingiu a Cidade do Samba na manhã desta segunda-feira (7), no Rio de Janeiro, atingindo quatro dos catorzes barracões e comprometendo os desfiles de conhecidas escolas – Portela, União da Ilha e União da Ilha – mostra o despreparo do Estado, como um todo, ao dispensar à sociedade os cuidados necessários diante da ocorrência de eventuais tragédias.

Construída pela prefeitura da cidade do Rio de Janeiro para abrigar as escolas de samba em um só local durante a preparação dos desfiles de carnaval e facilitar o acesso ao sambódromo, a Cidade do Samba, segundo declaração de dirigentes da Liga das Escolas de Samba (Liesa), conta com uma brigada de incêndio. Como o fogo começou por volta das 7 horas da manhã, a brigada provavelmente ainda não havia chegado ao local.

É sabido por todos que fantasias, adereços e carros alegóricos são confeccionados basicamente com produtos sintéticos e altamente inflamáveis, o que exige a presença no local não apenas de uma brigada de incêndio, mas de um carro de bombeiros em tempo integral, pois é grande o risco de acontecer tragédias em um local com grande concentração de pessoas e de materiais que facilitam a combustão. No último sábado (5), um incêndio no barracão da escola Alegria da Zona Sul, do grupo de acesso A, nos arredores da Cidade do Samba, foi um “avant-première” do que estava a caminho do local que abriga as escolas do grupo especial do carnaval do Rio.

Independentemente do prejuízo material, o incêndio provocou danos irreversíveis nos sonhos de algumas comunidades do Rio de Janeiro, que, abandonadas pelas autoridades, que usam o maior espetáculo da Terra como vitrine para a mágica capacidade de realização de milhares de pessoas ignoradas pelo poder público. O incêndio ocorrido na Cidade do Samba é a prova maior de que o Brasil é uma democracia somente no período de caça aos votos, pois na sequência prevalece a teoria do salve-se quem puder.

Muito antes de garantir que as escolas prejudicadas entrarão no sambódromo, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), deveria ter se preocupado com a segurança máxima do local. Mesmo assim, ainda há uma legião de incautos que se revolta quando afirmamos que o Brasil não tem condições de sediar o maior evento futebolístico do planeta, a Copa do Mundo. (Foto: Twitter)