Plano para acabar com o reinado tucano em SP consome o dinheiro do contribuinte e agita a política

Luneta na mão – Os eleitos em 2010 mal inauguraram seus mandatos e já trabalham de olho nas futuras eleições. Mergulhado no ostracismo desde que perdeu a corrida presidencial para a petista Dilma Rousseff, o ex-governador José Serra tem articulado nos bastidores para não perder espaço no PSDB. Com a volta de Fernando Henrique Cardoso à vitrine do partido, Serra conta com a ajuda do senador Aloysio Nunes Ferreira Filho, que atua como braço avançado do ex-governador em Brasília.

Convencido de que disputar a Presidência da República e perder novamente seria uma enorme catástrofe, José Serra agora empurra o seu semi-desafeto Geraldo Alckmin para cima do senador Aécio Neves (MG), um dos nomes mais lembrados para concorrer ao Palácio do Planalto em 2014. No caso de o governador Alckmin ser escolhido pelo PSDB para a disputa presidencial, Serra pode voltar a sonhar com o Palácio dos Bandeirantes. Se o candidato for Aécio, a reeleição ao governo paulista será a escolha de Alckmin. E Serra estará alijado do movimento político.

Antes disso, independentemente do cenário, Geraldo Alckmin precisa emplacar alguém de sua confiança na prefeitura de São Paulo, que ficará vaga ao final de 2012 com a saída do democrata Gilberto Kassab, ainda aliado de Serra. De mudança para o PMDB, Kassab tenta chegar ao Palácio dos Bandeirantes com a ajuda do PT. Sugeriu ao partido uma receita nada convincente para liquidar os tucanos em São Paulo. O PT encabeçaria uma chapa rumo à prefeitura paulistana, sendo que o vice seria uma indicação de Kassab, que para não permanecer no desvio pleiteia assumir um ministério no governo de Dilma Rousseff. Em troca teria o apoio do PT para disputar em 2014 o comando do mais rico e importante estado brasileiro. Mero devaneio, pois há uma fila de petistas com o mesmo desejo.

Acontece que nesse jogo intricado há de se considerar um plano de Geraldo Alckmin, que deseja fazer do deputado federal Gabriel Chalita (PSB), ex-secretário de Educação de SP, o sucessor de Kassab na prefeitura da capital paulista. Na disputa pelo trono da Pauliceia Desvairada há alguns outros candidatos, entre eles o vereador Netinho de Paula, conhecido por espancar mulheres, e o deputado federal Protógenes Queiroz, ambos do PCdoB.

Enquanto nada acontece, Gilberto Kassab terá de agora em diante a complicada missão de ejetar da máquina paulistana os tucanos indicados por José Serra e os que Alckmin descartou ao assumir o governo estadual. O primeiro deles foi Walter Feldman, que dedicou fidelidade canina a Kassab e na última semana foi demitido da Secretaria Municipal de Esportes. Mas esse não é o único complicador no projeto de Gilberto Kassab.

Antes de qualquer avanço, o alcaide da maior cidade verde-loura precisa se entender com a direção do Democratas, que promete ir à Justiça se Kassab deixar a legenda, podendo, inclusive, pleitear o mandato. Fora isso, o prefeito tem outro assunto espinhoso pela frente. Ex-governador e histórico integrante do sepultado PFL, Claudio Lembo responde atualmente pela Secretaria de Negócios Jurídicos da prefeitura de São Paulo e é conhecido por muitos como o dono da caneta. Jurista respeitado, Lembo transformou-se em uma espécie de pesadelo político no sonho de Kassab.