Nervoso e angustiado, governador do Rio cancela audiência com a presidente Dilma

Crise e guerra – A crise provocada pela prisão de medalhões da Polícia Civil do Rio de Janeiro, acusados de tráfico de influência e corrupção, foi um tiro certeiro no gabinete do governador Sérgio Cabral Filho (PMDB), que nos últimos dias exalado nervosismo e angústia. A situação é tão delicada, que Cabral Filho suspendeu a audiência que teria nesta terça-feira (15) com a presidente Dilma Rousseff, em Brasília.

O deputado federal Eduardo Cunha, do mesmo partido do governador, confirmou, há pouco, que o ambiente não é dos melhores e por isso Cabral Filho decidiu não viajar. A última vítima do escândalo deflagrado com a prisão nos últimos quatro dias de 38 policiais pela Polícia Federal foi o chefe da Polícia Civil, delegado Allan Turnowski. Ele entregou uma carta de demissão na manhã desta terça-feira ao secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, que autorizou a maior operação contra uma organização policial no Brasil.

Foi de Turnowski a decisão de fechar por dois dias a Delegacia de Repressão ao Crime Organizado da Polícia Civil. A Draco fez praticamente todos os levantamentos investigatórios que permitiram a ação dos federais, de corregedores da própria Polícia Civil e do Ministério Público. A decisão foi vista como uma represália dos diretores da polícia contra os colegas. Nos últimos meses, a Draco realizou investigações que permitiram a prisão de 600 policiais militares, civis, bombeiros e políticos ligados ao tráfico de drogas, extorsão e milícias.

Turnowski determinou que a Corregedoria da instituição investigasse a Draco para levantar uma denúncia contra o ex-responsável pela delegacia, Cláudio Ferraz. O delegado, que colaborou com as investigações da Operação Guilhotina, tinha acabado de deixar a Draco para assumir a Subsecretaria de Contra-Inteligência da Secretaria de Segurança. Ele também era cotado para assumir a chefia de Polícia Civil, caso Turnowski fosse afastado.

A Operação Guilhotina prendeu o ex-subchefe de polícia, Carlos Oliveira, na época indicado por Turnowski. Após o desencadeamento da operação, o chefe da Polícia Civil chamou Oliveira de “traidor”. Desde sábado, o ex-subchefe está na penitenciária de Bangu 8 acusado de vender armamento apreendido para traficantes, promover o chamado espólio de guerra (quando policiais se apoderam indevidamente de dinheiro, drogas e armamento apreendido) e por envolvimento com milícias.