Brincadeira oficial – Na vergonhosa operação que tomou conta da Câmara dos Deputados e garantiu a aprovação do salário mínimo, fixado em irrisórios R$ 545, o escândalo maior ficou por conta do ex-sindicalista Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT-SP), que em tempos outros, então presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), capitaneava greves e passeatas em prol de reajustes salariais.
Agora, genuflexo como a grande maioria dos petistas, Vicentinho, na condição de relator do projeto do Executivo que trata do salário mínimo, subiu à tribuna da Câmara na noite de quarta-feira (16) para falar em ganho dos trabalhadores. Vicentinho perdeu a grande chance de ficar calado, pois a cesta básica, uma das referências para o reajuste do mínimo, sofreu nos últimos doze meses aumento de preço de 15,8%. Ou seja, o escandaloso aumento concedido pelo governo Dilma Rousseff ao salário mínimo é insuficiente para cobrir a perda decorrente da alta da cesta básica.
Como se fosse pouco, muitos foram os amestrados companheiros que usaram os microfones do plenário da Câmara para defender Dilma Rousseff, alegando, como sempre, que há oito anos a classe trabalhadora fora vítima da má vontade de Fernando Henrique Cardoso e seus tucanos. Acontece que em maio de 200, o governo FHC concedeu reajuste de 19,2% ao salário mínimo, mas a petralha considerou pouco e se uniu no mesmo plenário para fazer zombarias. Hoje, com o governo central concedendo apenas 6,9% de aumento, a “companheirada” entende ser uma enorme conquista.
Exigir coerência de um político por certo é a mais hercúlea das tarefas, mas rasgar o próprio discurso apenas para ser recompensado com cargos e maracutaias é demais. Se a sociedade não reagir ao criminoso status quo que domina a política nacional, em breve o Brasil será uma ditadura civil com falsos lampejos de liberdade.