Marca do pênalti – O PSDB se movimenta em Brasília para cobrar dos órgãos fiscalizadores as devidas respostas aos requerimentos apresentados, em 2010, pelo deputado federal Antonio Carlos Mendes Thame (SP), que à época buscava informações sobre o programa “Segundo Tempo”, do Ministério do Esporte. Mais importante programa da pasta, o “Segundo Tempo”, que foi criado para “democratizar o acesso à prática e à cultura do Esporte de forma a promover o desenvolvimento integral de crianças, adolescentes e jovens, como fator de formação da cidadania e melhoria da qualidade de vida, prioritariamente em áreas de vulnerabilidade social”, está emoldurado por fraudes e transformou-se em uma espécie de cornucópia ilegal do PCdoB, partido do ministro Orlando Silva Júnior.
No caso de o Ministério Público Federal ter avançado nas investigações, o trabalho certamente encontrou um atalho que leva à Operação Shaolin, da Polícia Civil do Distrito Federal, que flagrou um grupo que desviava o dinheiro repassado pelo Ministério do Esporte através do “Segundo Tempo”. Durante as diligências, policiais da Divisão Especial de Combate ao Crime Organizado (Deco), do Distrito Federal, prenderam o policial militar João Dias Ferreira, Demis Demétrio Dias de Abreu, Flávio Lima Carmo, Miguel Santos Souza e Eduardo Pereira Tomaz, acusados de participação no esquema criminoso.
Liderado por João Dias Ferreira, o grupo, que se valeu de 49 notas fiscais frias para receber a verba ministerial (R$ 3 milhões em três anos), deveria ter investido o dinheiro em programas para beneficiar milhares de atletas carentes de núcleos situados em Sobradinho, mas preferiu utilizá-lo na abertura e manutenção de academias esportivas particulares.
A retomada do escândalo do “Segundo Tempo” pode recolocar no olho do furacão o atual governador do DF, Agnelo Queiroz, atualmente no PT, mas que em passado recente, como então representante do PCdoB, comandou o Ministério do Esporte a convite do messiânico Luiz Inácio da Silva. Muito estranhamente, as supostas denúncias contra Agnelo Queiroz foram sufocadas durante a campanha eleitoral de 2010, podendo ser ressuscitadas a qualquer momento, o que deixaria o governador do DF em situação extremamente delicada.
Coincidência ou não, os policiais civis do Distrito Federal suspenderam a greve que seria realizada para cobrar do governo distrital uma solução definitiva para o plano de carreira da corporação. Fora isso, há nos bastidores do governo do DF uma intensa articulação visando a nomeação para cargos púbicos de pessoas que participaram das investigações da Operação Shaolin.
Considerando que nem tudo o que foi apurado durante a Operação Shaolin foi levado ao conhecimento público, o Brasil corre o risco de novamente servir de palco para uma situação que se tornou comum na política nacional. Quando informações privilegiadas sobre supostos crimes fazem com que um se torne refém do silêncio do outro.