Desrespeito ao regimento do Senado na votação do mínimo mostra que reforma política é piada

Galhofa planaltina – Há dias, o Brasil foi alvejado por uma nova promessa de reforma política, assunto que serve apenas para ludibriar a porção ignara da opinião pública. Imaginar que os políticos defenderão os interesses daqueles que o elegeram é, além de perda de tempo, um ato de monstruosa inocência. O mundo político, como se sabem é um extenso e imundo balcão de negócios, o que explica o alto custo das campanhas eleitorais. Tal cenário contraria a definição de democracia, que para os acadêmicos e os incautos é o sistema político em que poder emana do povo.

Quem ainda tinha dúvidas sobre a face mentirosa da política pode ter se convencido durante a discussão e votação, no Senado Federal, do projeto palaciano que concedeu pífio aumento ao salário mínimo. Quando a comissão especial do Senado para tratar das reformas políticas foi instalada, coube ao presidente da Casa, senador José Sarney (PMDB-AP), discorrer sobre o tema diante de câmeras e microfones.

Como tem afirmado o ucho.info ao longo dos anos, o País, muito antes de uma reforma política carece de uma mudança da política, ou seja, uma revolução na forma de se fazer política. Na quarta-feira (23), o mesmo José Sarney, falso paladino da moralidade, atropelou o Regimento Interno do Senado durante a votação do projeto de lei que fixou o salário mínimo em míseros R$ 545. Sarney, que virou as costas para detalhes que em qualquer minimamente sério provocaria a anulação imediata da sessão parlamentar. O desrespeito ao regimento foi tamanho, que Sarney acabou se indispondo com o senador Itamar Franco (PPS-MG) e com a senadora Marinor Brito (PSol-PA).

A atitude de José Sarney por certo será recompensada com cargos no segundo escalão do governo da neopetista Dilma Vana Rousseff, o mesmo acontecendo com o repentinamente obediente PMDB.

O Palácio do Planalto já anunciou que a partir da próxima semana iniciará o processo de nomeação para os escalões menores da máquina federal, situação que deve acontecer nos próximos quatro anos, pois Dilma terá na manga, até o final do mandato, uma moeda de troca para fazer valer os seus desejos imperativos e totalitaristas.

Enquanto isso, a sociedade terá de assistir a um escambo contínuo e criminoso, a não ser que importemos, mesmo que temporariamente, um desses revoltosos que há mais de um mês fazem alguns países do mundo árabe chacoalhar. Do contrário, a aludida reforma política será mais uma vez mera figura de retórica.