Enxadrismo tirano – A crise que domina a Líbia ganha contornos explosivos e inexplicáveis, mas a queda do ditador Muammar Khaddafi é uma questão de tempo, para não afirmar que será defenestrado nas próximas horas.
Na tentativa de manter o status quo que lhe rendeu uma fortuna de US$ 70 bilhões, por certo amealhada de forma criminosa e ilegal, Khaddafi disse na quinta-feira (24) que a culpa pela crise política que vem desestabilizando o governo de Trípoli é do saudita Osama Bin Laden, líder do grupo terrorista Al Qaeda. No contraponto, o também ditador Fidel Castro afirmou que a responsabilidade pelo levante popular na Líbia é da CIA, órgão de inteligência do governo norte-americano.
Sob olhos nus, ambas as declarações são consideradas manifestações bem humoradas de pessoas que normalmente estão sob tensão, mas é preciso conhecer o complexo funcionamento do Oriente Médio para avaliar as consequências que as afirmações podem provocar na mais explosiva porção do planeta.
Desde que o fanatismo religioso foi utilizado como senha para o autoritarismo político, seja de esquerda ou de direita, o Oriente Médio vem enfrentando momentos de turbulências variadas. Com os interesses comerciais que as grandes potências depositam na região, em especial por conta do petróleo, a paz pendeu muito mais para o lado do negócio do que para o bom senso.
Nesse cenário, o mundo viu crescer de forma lenta e contínua o poder dos líderes muçulmanos, que apoiados na insanidade da fé de milhões de seguidores do Islã fizeram do discurso populista um atalho para chegar ao poder. Uma vez instalados, transformam-se em déspotas sanguinários e lutam com afinco para não perder as regalias conquistadas a reboque de um plano obsoleto e repetitivo.
Acontece que no caso da Líbia o banho de sangue pode eclodir a qualquer momento, com a possibilidade de transpor as fronteiras do país africano e avançar sobre o outro lado do Canal de Suez, pois o fanatismo religioso, que ao longo do tempo tem funcionado como desculpa para ações terroristas, servirá para a alternância do poder, o que não significa que uma lufada de democracia esteja a caminho do mundo árabe.
Se isso de fato acontecer, o Oriente Médio irá pelos ares, como têm afirmado os jornalistas do ucho.info, mas antes disso o planeta estará a mercê de uma nova onda de instabilidade econômica, a exemplo do que ocorreu na década de 70 com a crise do petróleo. Em outras palavras, se a queda de braços que emoldura o Oriente Médio durar mais do que o previsto, o melhor é o homem reaprender a andar a pé.