Cortina de fumaça – Mais uma vez os interesses do povo brasileiro foram deixados de lado no Congresso Nacional. Ex-governador do Rio de Janeiro e deputado federal pelo Partido da República, Anthony Garotinho ocupou a tribuna do plenário da Câmara na tarde de quarta-feira (16) para informar aos seus pares sobre a necessidade de uma CPI da Copa de 2014, já que até aquele instante o parlamentar havia reunido 115 assinaturas para a criação da comissão para investigar divisão dos lucros do evento futebolístico.
De acordo com o regimento da Câmara, são necessárias 171 assinaturas para a criação de uma CPI. Entre os parlamentares que assinaram o requerimento estão do ex-pugilista Popó (PRB-BA), o ex-jogador Romário (PSB-RJ), Tiririca (PR-SP) e Paulo Maluf (PP-SP).
Garotinho, que chamou o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, de chefe de “quadrilha que assalta os cofres públicos”, disse que é preciso investigar o volume de recursos envolvidos nas concessões de transmissão da Copa, bem como o seu destino, além da eventual prática de lavagem de dinheiro por parte da instituição com o pagamento de serviços advocatícios em favor de Teixeira e o uso da CBF para a obtenção de lucros com transação de jogadores.
Repetindo o que aconteceu com a CPI MSI/Corinthians, proposta pelo então deputado federal Silvio Torres (PSDB-SP), a CPI da Copa foi momentaneamente sepultada por conta do forte lobby exercido nos bastidores por Ricardo Teixeira, que no Congresso Nacional cultiva amizades convenientes, mas nem sempre ortodoxas. Por ocasião da proposta de se criar a CPI MSI/Corinthians, o lobby de Teixeira se concentrou no Senado Federal. Agora, com a CPI da Copa na proa, a atuação do grupelho de Teixeira atravessou o Congresso e ancorou na Câmara dos Deputados.
É no mínimo estranha a postura dos deputados que se recusam a criar a CPI da Copa, pois como representantes do povo há a obrigação de zelar pelo interesse público e de trazer a lume as trapaças que de forma insistente mancham o cotidiano verde-louro.