Panamericano: o que Silvio Santos fez que Edemar Cid Ferreira não soube fazer?

Mal contado – Abafar investigações tornou-se a especialidade da maioria dos parlamentares que frequentam o Congresso Nacional. Depois da vergonhosa movimentação de bastidor que sufocou a tentativa de criação de uma CPI para investigar assuntos relacionados à Copa de 2014, parlamentares da base aliada impediram a convocação dos envolvidos no escândalo do Banco Panamericano, que até outro dia integrava o patrimônio do apresentador Silvio Santos e frequentava a seara o campo do inexplicável.

Deputado federal pelo PPS de São Paulo, Arnaldo Jardim protocolou na Comissão de Finanças e Tributação um requerimento para ouvir representantes dos bancos Panamericano e BTG, a fim de que os mesmos explicassem uma transação que ainda não foi assimilada pelos brasileiros que desconhecem as mágicas do universo financeiro. Iniciativa idêntica teve o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), que teve sua proposta rejeitada na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal.

“A movimentação [pela não aprovação do pedido] ficou evidente assim como aconteceu no Senado, quando da rejeição da proposta de realização de audiência pública para debater o mesmo assunto”, declarou o deputado Arnaldo Jardim, ao se referir ao requerimento do senador Aloysio Nunes, foi derrubado também pela base aliada na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.

Para derrubar o requerimento do deputado paulista, a base de sustentação do governo de Dilma Rousseff usou a fraca alegação de que o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, já tem reunião marcada com os membros da Comissão de Finanças, na última semana deste mês, ocasião em a nebulosa operação para salvar o Panamericano poderá ser esclarecida.

Diante da nada convincente justificativa, Arnaldo Jardim concordou em retirar o requerimento, acreditando que Tobini poderá em breve esclarecer o assunto. Caso isso não acontece, o parlamentar do PPS quer que, além de Tombini, sejam convocados para a audiência pública a presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Ramos Coelho; o diretor-executivo do BTG, André Esteves; e o empresário Silvio Santos.

Por certo esse assunto cairá na vala do esquecimento, pois há detalhes estapafúrdios nas coxias da venda do Banco Panamericano. Coincidência ou não, depois de solucionado o problema do banco que pertenceu a Silvio Santos, o SBT anunciou a produção de uma minissérie sobre a esquerda brasileira.

Quando, na era FHC, os bancos Marka e Fontecindam foram á bancarrota, mesmo com a ajuda do Proer, o PT promoveu uma gritaria sem precedentes, exigindo punição implacável aos responsáveis. O mesmo aconteceu com o Banco Santos, de propriedade de Edemar Cid Ferreira, que até hoje luta na Justiça para provar que a decisão de liquidar a instituição foi meramente política, pois à época a contabilidade do banco era positiva.

É preciso que os envolvidos na operação do Banco Panamericano sejam convocados para depor e esclareçam o quanto antes o que foi que Silvio Santos fez e que Edemar Cid Ferreira não conseguiu fazer. Até porque, Ferreira tem enfrentado os destemperos típicos de perseguições políticas.