Ministério Público do Trabalho caiu em esparrela de José Janene e suspendeu investigação

Forças do além – Conhecido entre os mensaleiros como o “xeique do Mensalão do PT”, esquema criminoso de cooptação de parlamentares acionado pelo Palácio do Planalto, o falecido José Janene continua causando estragos no cotidiano de nossa querida e desgovernada Botocúndia. Em janeiro de 2009, o cardiopata Janene mostrou ao mundo não ter coração e aplicou no Ministério Público do Trabalho, em Londrina, um drible desconcertante, o que em tese interrompeu as investigações sobre a Dunel, fabricante de equipamentos de automação que estava sob sua administração.

O desavisado empresário Hermes Magnus, criador da Dunel Indústria e Comércio, foi procurado pela reportagem do ucho.info e alegou desconhecer o teor das ações judiciais, mas revelou não estar indignado, pois recentemente conseguiu conhecer a fundo o perfil daqueles que o ludibriaram. O Ministério Público do Trabalho, no Paraná, também foi procurado por este site e prometeu retornar em no máximo 24 horas. Passado o prazo fixado, o ucho.info contatou o MP em três ocasiões, mas ninguém atendeu aos nossos telefonemas.

Refugiado para escapar das ameaças do grupo do finado mensaleiro, Magnus informou à reportagem que fez negócios com uma empresa de nome CSA Project Finance, mas que sua companhia acabou nas mãos do grupo de José Janene. Um mês antes das denúncias encaminhadas ao Ministério Público do Trabalho, mais precisamente em dezembro de 2008, o empresário passou a sofrer ameaças e foi obrigado a deixar a cidade de Londrina. A razão de sua fuga está relacionada ao fato de não compactuar com algumas atitudes administrativas adotadas na empresa que sugeriam lavagem de dinheiro.

Por conta desta sequência de episódios, o Ministério Público do Trabalho foi aconselhado, no corpo das denúncias, a lacrar a sede da Dunel como forma de preservar o patrimônio da empresa e salvaguardar os direitos dos empregados. Paralelamente às denúncias, José Janene teria forçado os funcionários da empresa a assinarem um documento para suposta liberação de dinheiro, o que garantiria o pagamento dos salários. Passado algum tempo, o referido documento serviu de base para uma ação protocolada na Justiça do Trabalho, operação que acabou confundindo o Ministério Público.

Ao descobrirem os verdadeiros propósitos do documento em questão, dois antigos funcionários da Dunel declararam por escrito que, colocados em uma sala guardada por um nada simpático capanga, acabaram coagidos. Na mesma declaração, os dois funcionários garantem que em nenhum momento assinaram um documento com o objetivo de prejudicar o então proprietário da Dunel, Hermes Magnus, com quem sempre mantiveram boas relações.

Ao perceber que os funcionários da Dunel haviam ingressado na Justiça trabalhista, o Ministério Público do Trabalho, que desconhecia a farsa, deixou de prosseguir com as investigações e deu o caso por encerrado. Coincidência ou não, os depoimentos dos dois funcionários foram enviados à Justiça do Trabalho de Londrina e, como se mágica fosse, os respectivos processos foram retiradas.

Depois de tão estranho fato, alguns dos funcionários da Dunel, em Lodrina, que continuaram servindo o grupo de Janene, passaram a ser tratados de forma humilhante, como relata em ação judicial o desenhista Cristian Fabiano Campos. Contratado para detalhar os projetos da empresa, Cristian teria sido obrigado a cavar valas, escavar buracos com britadeiras, ensacar milho, entre outras tarefas, nas fazendas de José Janene.

De uma hora para outra, o número de funcionários cresceu, pois Janene e seu grupo queriam decifrar o segredo tecnológico do negócio, que somente o empresário Hermes Magnus sabia. Até mesmo um professor especializado em automação foi contratado para tentar decifrar o segredo, o que pode lhe render a acusação de co-participação em crime de plágio. Na opinião de Hermes Magnus, é difícil distinguir quais funcionários foram cooptados para participar da farsa, mas o empresário continua acreditando nos trabalhadores de boa fé que se dedicaram verdadeiramente à empresa.

No desenrolar desse complexo novelo, a Justiça por certo será implacável com o empresário Hermes Magnus, que tratou de comunicar com larga antecedência o Judiciário sobre os desmandos de Janene em relação aos incautos funcionários da empresa Dunel.

Fato é que continua causando estranheza a decisão do Ministério Público do Trabalho de cessar repentinamente as investigações sobre o caso, especialmente porque José Janene era tido na região como um todo-poderoso, situação que se comprovou facilmente no “Mensalão do PT”, escândalo do qual ele escapou a bordo de habilidade e conchavos. O novelesco enredo que emoldura o caso da Dunel deixa claro que a Justiça é absolutamente cega, em especial quando alguém tem o poder de comandar nos bastidores a tal cegueira.