Eletrobras amplia investimentos em 2011, mas não afasta novos apagões no sistema elétrico

Para obras – A Eletrobras respondeu por 5,7% de todo o investimento das estatais em janeiro e fevereiro, dos R$ 11 bilhões previstos pelo governo federal no período. O levantamento divulgado nesta quinta-feira (7) pelo site “Contas Abertas” revela que este valor é 62% maior que o aplicado no ano passado.

O desempenho provavelmente é uma resposta ao fraco desempenho de 2009. Há dois anos, foram investidos apenas 15% do que estava previsto. Em consequência da falta de modernização do sistema elétrico, aconteceu um gigantesco blecaute que atingiu 18 estados e 60 milhões de brasileiros.

Mas os novos investimentos não significam que o Brasil ficará livre dos apagões elétricos. Professor de Economia da Universidade Federal Fluminense, Luciano Losekann explica que a maior parte dos R$ 628,1 milhões aplicados até agora reflete uma elevada participação das subsidiárias em novas hidrelétricas. “O investimento em hidrelétricas de grande porte distante dos centros de consumo intensifica a dependência do transporte de eletricidade por grandes distâncias para atender a demanda. Isso pode acarretar em maior vulnerabilidade do sistema e não o contrário”, afirmou ao site.

O setor elétrico deve ser motivo de preocupação, já que em 2010 o governo deixou de investir quase R$ 3 bilhões do orçamento previsto para o ano. O montante aplicado corresponde à execução de 65% dos R$ 8 bilhões autorizados em orçamento. Desde 2000, cerca de R$ 23,9 bilhões não foram investidos pela estatal – já descontada a inflação acumulada do período. O desempenho dos investimentos do grupo Eletrobrás em 11 anos ficou, em média, em 68%, o que significa que as empresas não investiram 32% dos recursos autorizados no orçamento.

Losekann, afirma que são necessários mais investimentos no setor de energia elétrica. “Nesses eventos [Copa do Mundo e Olimpíadas], adota-se estratégia de isolamento das localidades onde ocorrerão os eventos. Dessa forma, o atendimento é feito através de usinas próximas. Assim, as localidades ficam isoladas e protegidas de problemas no sistema de transmissão de eletricidade. Essa estratégia implica em maior custo de operação, já que é necessário substituir a geração de hidrelétricas (mais baratas) por termelétricas (mais caras). Também pode ser necessário que haja investimento em capacidade de geração e reforço da rede”.