Fio da navalha – Muito estranhamente, até agora nenhum petista, daqueles que em tempos pretéritos engrossavam o coro oposicionista, surgiu em cena para falar sobre a herança maldita que o messiânico Lula da Silva deixou para sua sucessora, a presidente Dilma Rousseff.
Como sempre acontece no universo da Economia, criar nomes difíceis para emprestar doses de austeridade a medidas inócuas tornou-se algo corriqueiro. E é exatamente isso que fizeram as autoridades econômicas do governo do PT, que há algum tempo falam em “medidas macroprudenciais” de combate à inflação, o fantasma que ronda diuturnamente o Palácio do Planalto.
Quando, no apagar das luzes de 2008, Lula ocupou a rede nacional de rádio e televisão para pedir aos brasileiros a manutenção do consumo em níveis elevados, os jornalistas do ucho.info alertaram para os perigos que continha o apelo presidencial, dentre eles o risco do consumo excessivo e descontrolado, o retorno da inflação e o aumento da inadimplência e do endividamento das famílias.
Na ocasião, Lula acusou-nos de torcer contra o Brasil, quando na verdade estávamos preocupados com o futuro do País e dos brasileiros. Longe de sermos messiânicos como o próprio Lula e sem jamais termos usado a fantasia de profetas do apocalipse, a nossa previsão, embasada em dados concretos da economia brasileira, acabou se confirmando. A inflação voltou com força porque a demanda cresceu de forma rápida e criminosa, contrariando a tese defendida por Dilma Rousseff, a inadimplência disparou e o endividamento das famílias atingiu níveis recordes.
Essa combinação de fatores começa a ser sentida pelo governo de Dilma Rousseff, que já não sabe o que fazer para derrotar a malfadada inflação. De acordo com a Serasa Experian, a inadimplência do consumidor registrou crescimento de 21,4% no primeiro trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2010. Analisado o ritmo da inadimplência em 2011, ele é ligeiramente maior ao verificado no quarto trimestre de 2010, quando a foi de 20,3%, em comparação ao mesmo período de 2009.
Na tentativa atabalhoada de interromper a escalada da inflação, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou na quinta-feira o aumento do IOF sobre operações de crédito ao consumidor, como se a medida pudesse surtir algum efeito imediato. A ideia do governo é taxar aqueles que, acreditando em Lula da Silva e apostando no crédito fácil, passaram a consumir de forma tão irresponsável quanto impressionante. No caso do financiamento de um refrigerador de R$ 1mil, a nova alíquota do IOF, que pulou de 1,5% para 3% ao ano, resultará em um acréscimo de R$ 15 no financiamento, que ao longo de 24 parcelas representará pouco mais de R$ 0,50 por mês.
Como só Guido Mantega acredita nessa estratégia milagrosa, o que o brasileiro deve levar em conta é que esse aumento do IOF (1,5%) permitirá ao Palácio do Planalto colocar nos cofres oficiais mais R$ 10 bilhões por ano.
Em outro ponto da cruzada contra a inflação está a ordem dada pela presidente Dilma Rousseff para que o preço da gasolina não sofra qualquer aumento nos próximos meses. Há dias, Dilma chegou a desautorizar o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, que seguindo a tendência do mercado internacional aventou a possibilidade de aumento da gasolina.
O mesmo recado foi passado ao ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA), que nesta sexta-feira (8) disse que aposta na normalização do mercado internacional de petróleo para cumprir as ordens palacianas. Acontece que mesmo sendo o acionista majoritário da Petrobras, o governo federal não pode impor aos outros acionistas prejuízos por causa de uma política econômica inadequada que teve o boquirroto Lula da Silva como timoneiro.