Tiro no escuro – Presidente do Senado Federal, o maranhense José Sarney garantiu na tarde desta terça-feira (12) o apoio de todos os líderes partidários da casa para aprovar a emenda que convoca um novo plebiscito para o desarmamento. O assunto, sepultado no plebiscito de 2005, recrudesceu no vácuo do massacre de Realengo, no Rio de Janeiro. Sarney foi fisgado pelo discurso ufanista dos ministros petistas José Eduardo Martins Cardozo e Maria do Rosário, da Justiça e da Secretaria de Direitos Humanos, respectivamente, que entendem que o desarmamento da população é garantia para a redução da insegurança pública.
O Palácio do Planalto, que alavanca esse discurso oportunista e míope, deveria se preocupar em inibir o contrabando de armas através das fronteiras. É de conhecimento de todos que combater o contrabando de armas contraria os acordos de coxia feitos durante o Foro de São Paulo e compromete os negócios das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, as Farc, que integra o movimento da esquerda latino-americana.
A teoria esdrúxula de que o desarmamento da população é capaz de evitar crimes como o praticado pelo franco atirador Wellington Menezes de Oliveira, que matou doze crianças e feriu outras tantas, cai por terra diante do atentado cometido na tarde de segunda-feira na Avenida Paulista, em plena luz do dia, por um morador de rua. Preso, o criminoso atacou com golpes de faca um homem e uma mulher que estavam em um ponto do ônibus distante menos de trinta metros de uma cabine da Polícia Militar.
A proposta do senador José Sarney pega carona no clamor da tragédia de Realengo, mas, se aprovado, o plebiscito ocorrerá quando a opinião pública não mais estará sob a comoção advinda do crime ocorrido na escola carioca. Não custa lembrar que o plebiscito de 2005 arrancou dos cofres públicos aproximadamente R$ 500 milhões. Considerando que em tese o País vive um momento de contenção de gastos, realizar uma consulta popular cujo resultado é previsível seria colocar fogo no dinheiro público.