Estradas ruins – No governo do ex-presidente Lula da Silva, coube ao Senado Federal, em vários momentos, impor derrotas memoráveis ao Palácio do Planalto. No governo de Dilma Rousseff é novamente o Senado que pode colocar freios nas pretensões palacianas. Não pela maioria da oposição, cujo quadro se inverteu com as eleições do ano passado, mas pelo descontentamento da base governista.
Os primeiros sinais foram dados pelos senadores Eunício Oliveira (PMDB-CE), Benedito Lira (PP-AL) e Armando Monteiro (PTB-PE), todos do Nordeste. Há sinais de que em outras bancadas o céu não está para brigadeiro.
Na quarta-feira (13), o senador Eunício Oliveira, que preside a Comissão de Constituição e Justiça, fez duras críticas na tribuna do plenário Rui Barbosa. Reclamou do Ministério dos Transportes e soltou fartas contra o Departamento Nacional de Infra-Estrutura Terrestre (DNIT). P parlamentar cearense chegou ao ponto de dizer que apresentará requerimento convocando os “responsáveis” pelo caos nas estradas federais no Ceará.
No mesmo dia, informa a agência “Política Real”, o senador Armando Monteiro, ex- presidente da Confederação Nacional da Indústria, apresentou requerimento na Comissão de Desenvolvimento Regional. Quer que a ministra do Planejamento, Mirian Belchior, dê explicações sobre a implantação do Plano Nacional de Desenvolvimento Regional, aprovado há quatro anos e até agora não implementado.
A CDR é presidida pelo senador Benendito de Lira (PP-AL), que não trabalhou em momento algum para que a proposta de Monteiro não prosperasse. Monteiro é ligado ao governador Eduardo Campos, de Pernambuco, presidente nacional do PSB. O governador trava uma briga intestina com o Partido dos Trabalhadores pelo controle de órgãos federais na região.
O movimento dos senadores nordestinos se dá uma semana após o vazamento da informação, pelo Ministério da Fazenda, de que haveria mudança no comando do Banco do Nordeste com a indicação de um nome sem compromisso com as lideranças políticas da região Nordeste.
Para o jornalista Genésio Júnior, a falta de clareza sobre cortes no orçamento de 2011, os cancelamentos dos restos a pagar e a demora na definição dos cargos federais nos órgãos de segundo escalão, nos estados, estão tirando a paciência dos congressistas e dos governadores.