(*) Luís Tôrres
Ninguém vai questionar, nem aqui, nem em Catolé, a capacidade imaginativa do artista Chico César. A genialidade criativa do compositor paraibano, por enquanto, não se traduziu no gestor. Atual Secretário de Cultura do Estado da Paraíba, Chico ainda não apresentou um projeto cultural inovador sequer.
Percebam que na solenidade de Cem Dias, quando o governador Ricardo Coutinho (PSB) anunciou obras e ações a serem implantadas, não se viu destaque para projeto cultural algum, apesar da área ser uma das vedetes do “coletivo” que aí está.
Ricardo não anunciou nada porque nada havia. São Cem Dias sem cultura. Chico César somente teria destaque naquela solenidade se tivesse subido com o violão pra tocar Pensar em Você. Como secretário, não tinha o que cantar.
O máximo que César pôde produzir como projeto para o futuro foi a polêmica sobre o financiamento das bandas de “forró de plástico”, produto que, segundo o secretário de Cultura, o Estado não irá patrocinar neste São João.
Essa é uma discussão polêmica. Não gostar desse tipo de música (como é o meu caso) não é o mesmo que deixar de atestar que há (lamentavelmente) um público imenso para consumi-lo.
É preciso saber se as bandas de forró eletrônico fazem sucesso porque são comercializadas e exploradas incansavelmente. Ou se é o público, voraz por música barata, que incentiva esse comércio. A velha história de quem veio primeiro: o ovo ou a galinha?
Ditar e impor um gosto cultural, seja ela qual for, não me parece o melhor caminho. É claro que é preciso aplaudir qualquer medida que incentive a produção musical local e que, de certa forma, resgate as origens da nossa música. Mas não estamos no Egito. Ou na Líbia.
O governo tem ou não tem dinheiro para bancar as festas de São João. Dizer o que o povo gosta ou não gosta extrapola as prerrogativas do Poder Público.
É uma discussão similar às obras de arte expostas pela prefeitura de João Pessoa.
Assim, levantando polêmica e se esquivando de dar respostas, Chico César vai pontuando uma gestão pouco criativa à frente da Secretaria de Cultura do Estado.
Talvez devêssemos ter paciência. Afinal, como diz o próprio Chico, quando tudo era ausência, esperei.