Fim do caminho – Por ocasião da abertura dos trabalhos da atual legislatura, os parlamentares do Congresso Nacional anunciaram o início das discussões da reforma política, assunto que os jornalistas do ucho.info alertaram para a inocuidade da proposição, pois mexer no status quo é assunto quase explosivo. Tanto é assim, que depois dos malfadados atos secretos, que colocaram na berlinda o senador José Sarney, nenhuma das demissões anunciadas no vácuo do projeto de reforma administrativa da Casa acabou acontecendo. Como também não houve punidos.
Os presidentes do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), divulgaram na segunda-feira (25) que as duas Casas legislativas trabalhariam conjuntamente na matéria, mas pelo desenrolar da reunião realizada na tarde desta terça-feira a tão esperada reforma política deve mesmo continuar no imaginário coletivo. O encontro, realizado na Câmara dos Deputados e que reuniu alguns dos presidentes das Assembleias Legislativas e das Câmaras Municipais das capitais, sobrou conversa fiada. O máximo alcançado durante a reunião foi a aprovação do uso de dinheiro público nas viagens que dez parlamentares farão aos estados para discutir a reforma política.
Enquanto na Câmara dos Deputados a reforma política andava de lado, o Senado Federal dava mostras que nada deve mudar no cenário bisonho que emoldura o parlamento brasileiro. Alvo de cinco representações no Senado e acusado de tráfico de influência e de ter recebido dinheiro de empresas em troca de favores políticos, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) é o mais novo integrante do Conselho de Ética, órgão que comandou e arquivou os processos contra o parlamentar alagoano.
Há quem queira encontrar uma nova definição para a arte da política, a cada vez que surge em cena um novo escândalo, mas o que se pode afirmar é que trata-se da abusada habilidade de zombar da capacidade de raciocínio da população. Guindar Renan Calheiros ao Conselho de Ética do Senado equivale a dar um tapa na cara da sociedade e mostrar ao mundo que no Brasil todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, mas em determinados casos alguns são mais iguais que a maioria.
Que o Brasil está longe de ser um país sério todos sabem, mas é preciso um mínimo de decência no meio político, pois do contrário o País caminhará na direção do abismo da esculhambação. Renan Calheiros é um conhecido farsante com dotes de ator, pois após relacionar-se com a jornalista Mônica Veloso, com quem teve uma filha fora do casamento, recebeu um longo e afetuoso abraço da esposa no plenário do Senado, como se traição conjugal fosse mérito. Sem contar que cada rês de sua manada vale mais do que qualquer vaca sagrada da Índia.
Como se fosse pouco, o Partido dos Trabalhadores indicou o senador Humberto Costa (PE), ex-ministro da Saúde no primeiro governo Lula da Silva e acusado de envolvimento no escândalo que ficou nacionalmente conhecido como “Máfia das Sanguessugas”.
Se a população não reagir imediatamente, o Brasil será entregue de mãos beijadas aos que desejam instalar uma ditadura civil esquerdista, desde que o entreguismo seja douradamente recompensado.
Confira abaixo os novos integrantes do Conselho de Ética do Senado Federal
PMDB – Titulares: Lobão Filho (MA), João Alberto (MA), Renan Calheiros (AL) e Romero Jucá (RR). Suplentes: Wilson Santiago (PB), Valdir Raupp (RO) e Eunício Oliveira (CE).
PT – Titulares: Humberto Costa (PE), Wellington Dias (PI) e José Pimentel (CE). Suplentes: Anibal Diniz (AC), Walter Pinheiro (BA) e Ângela Portela (RR).
PSDB – Titulares: Mário Couto (PA) e Cyro Miranda (GO). Suplentes: Paulo Bauer (SC) e Marisa Serrano (MS).
PTB-DEM – Titulares: Gim Argello (PTB-DF) e Jayme Campos (DEM-MT). Suplentes: João Vicente Claudino (PTB-PI) e Maria do Carmos Alves (DEM-SE).
PR-PP-PDT-PSB – Titulares: Vicentinho Alves (PR-TO), Ciro Nogueira (PP-PI), Acir Gurgacz (PDT – RO) e Antônio Carlos Valadares (PSB-SE). Nenhum dos quatro partidos havia indicado suplentes até o fechamento desta matéria.