Piada de salão – Tão logo teve a vitória confirmada nas urnas de 2010, Dilma Rousseff disse que a escolha dos ministros se daria com base em critérios eminentemente técnicos. Passados quatro meses da posse, está muito claro que a aludida competência de alguns dos colaboradores da presidente pode ser questionada em muitos momentos.
Na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o “Conselhão”, realizada em Brasília na terça-feira (26), alguns ministros esqueceram-se de combinar os discursos e patrocinaram situações constrangedoras à presidente Dilma, apresentada ao eleitorado nacional como sendo dona de extrema capacidade gerencial.
O tropeço da equipe ministerial começou com as opiniões divergentes de Carlos Lupi e Miriam Belchior, que respondem pelas pastas do Trabalho e do Planejamento, respectivamente. O pedetista Lupi aposta na criação de 3 milhões de novas vagas de trabalho até o final de 2011, mas a petista Miriam Belchior entende que a geração de postos de trabalho deve acontecer com um ritmo um pouco menor.
Há meses na corda bamba, Guido Mantega, que ainda não convenceu como ministro da Fazenda, usou os índices de inflação em alguns outros países para justificar o fantasma que ronda a economia brasileira. Sem ter como criticar a herança maldita deixada por Lula da Silva, Mantega foi obrigado a abusar da insensatez para que o povo não descobrisse o engodo em que se transformou o messiânico Luiz Inácio da Silva.
O que de fato causou espécie, sem que o assunto tenha sido tratado adequadamente pela imprensa, foi a fala do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, que disse que os juros sobem “não porque gostamos, mas porque precisamos”.
Como sempre acontece, a porção genuflexa da imprensa brasileira se calou diante da declaração de Tombini, quando o mais correto seria contestar a afirmação do presidente do BC, pois quando o PT estava na oposição, promovendo uma gritaria burra e ensurdecedora, qualquer aumento de juros era classificado como incompetência dos adversários políticos que estavam no poder.
É verdade que ser oposição é muito fácil que estar na situação, mas uma dose mínima de coerência não faz mal a ninguém.