Viúva paga – O Senado Federal se transformou em uma grande família. Essa situação não é nova, mas não tem prazo para terminar. No boletim eletrônico interno desta quarta-feira (27), uma nota de falecimento registrava a morte de um ex-funcionário, pai de um servidor atualmente em cargo em comissão e de mais dois outros filhos em cargos efetivos na Casa Legislativa.
A moda de contratar parentes para atividades comissionadas não terminou com a nova legislatura. No gabinete do senador Acir Gurgacz (PDT-RO), o seu auxiliar José Albuquerque Cavalcanti pediu que o chefe contratasse a esposa, Plantina Gomes da Silva Albuquerque.
José trocou o descanso que lhe patrocina a aposentadoria em Balneário Camboriu, (SC), onde tem uma confortável residência, por um salário que se aproxima de R$ 15 mil. É um homem de confiança do senador. Trabalhou com ele em Rondônia, onde Gurgacz dividiu tarefas públicas com a iniciativa privada.
O assessor de nível SF2, o mais alto do Quadro de Pessoal do Senado Federal, também convenceu o senador a contratar a esposa, a professora aposentada Plantina, com salário de R$ 6.958,74. Ela entrou para a Câmara Alta no dia 21 de fevereiro, mas sua nomeação só foi publicada no dia 28 de fevereiro, no cargo em comissão de Assistente Parlamentar APO2, com lotação e exercício no Gabinete da Liderança do PDT, o mesmo partido do senador, que é líder da bancada. Tanto ela quanto o marido, além de embolsar por mais pouco mais de R$ 20 mil pagos com recursos públicos, também estão livres do ponto eletrônico.
No ano passado, o Ministério Público pediu a anulação da nomeação de sete parentes do ex-chefe de gabinete do senador Gilvam Borges (PMDB-AP). Fernando Aurélio Aquino de Azevedo mantinha oito familiares no gabinete e, com a publicação da súmula antinepotismo do Supremo Tribunal Federal (STF), deixou o cargo que ocupava. A súmula diz que só há nepotismo quando há subordinação entre um dos familiares. Ou seja: ele saiu, para não configurar o nepotismo. Mas deixou empregados os seus parentes.
