Pela culatra – A semana política termina com os desencontros discursivos que marcaram a reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o “Conselhão”, em Brasília, sob o comando da presidente Dilma Vana Rousseff. Durante o encontro, do qual participaram todos os ministros de Estado e assessores presidenciais, Dilma tratou de uma das suas promessas de campanha: a erradicação da miséria.
A presidente pode até querer cumprir o que prometeu, mas é inadmissível que a herança maldita deixada por Lula da Silva não seja comentada com o mesmo ímpeto que fizeram os petistas em relação ao espólio político deixado pelo tucano Fernando Henrique Cardoso.
Tão messiânico quanto previsível, Lula disse há dias que o retorno da inflação é uma crise fabricada pelos adversários, que pegam carona na desvalorização do dólar no mercado internacional. Trata-se de mais uma sandice discursiva do ex-presidente, que continua acreditando ser a derradeira solução do planeta, quiçá do universo. Falar em erradicação da miséria é utópico quando as autoridades continuam perdendo a guerra para a inflação, o que lenta e continuamente reflete nos preços de produtos e serviços, a começar pelos itens de alimentação. O que coloca por terra o discurso de Dilma.
Fora isso, a massa de miseráveis, que vem crescendo no vácuo do endividamento recorde das famílias e da inadimplência assustadora, só tende a aumentar, pois a geração de empregos em 2011 ficará aquém do previsto. Como complemento, o Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Copom, tem dado mostras de que a taxa básica de juros não deve cair tão cedo.
Esse cenário complexo e multifocal deixa claro que Lula, nos oito anos em que ocupou o Palácio do Planalto, abusou da mitomania como bem entendeu, pois o projeto de implantação de uma ditadura civil no País permite que esses senhores, versões genéricas e mal acabadas de Aladim, se agarrem à tese de que o fim justifica os meios. Luiz Inácio da Silva não merece credibilidade, pois é difícil aceitar que os juros sobem mês após mês porque alguém fabricou uma crise que inexiste.