Vale para todos – Há quem diga que o totalitarismo, de direita ou de esquerda, só avança quando inexistem forcas oposicionistas. No Brasil, tal cenário acontece com a presença da oposição, que discursa contrariamente aos interesses do Palácio do Planalto, mas por conta da soberba tropeça reiteradas vezes nas esparrelas dos situacionistas. Fora isso, quem está na situação não perde uma chance sequer para estocar aqueles que lhe fazem gazeta contra.
O grande exemplo dessa situação está na polêmica que envolve o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), que será julgado pelo Conselho de Ética da Câmara em virtude das declarações homofóbicas que fez durante programa televisivo. Como se fosse pouco, novas representações foram protocoladas contra Bolsonaro, que até o começo da noite de quinta-feira não havia sido informado sobre o assunto.
Negar que Jair Bolsonaro cometeu uma transgressão imperdoável, ao criticar os homossexuais, seria um ato de covardia, mas a Constituição Federal garante que “é livre a manifestação do pensamento, desde que vedado o anonimato”. O pensamento de Bolsonaro não é criminoso, desde que ele saiba como expor suas ideias. No embalo das atabalhoadas afirmações do parlamentar, a situação tem aproveitado como pode a chance de emparedar ainda mais os oposicionistas.
Mas causa espécie o fato de a bandeira a favor dos homossexuais ter sido levantada apenas quando um integrante da oposição se manifesta contrariamente a esse gueto social. Durante vista a Pelotas, Luiz Inácio da Silva disse a um correligionário, em tom de galhofa, que a cidade gaúcha era “exportadora de viado”. E naquele momento nenhum homossexual ou simpatizante se voltou contra o líder petista.
Não se trata de defender o pensamento e as atitudes de Jair Bolsonaro, mas a transgressão é desprovida de ideologias ou correntes políticas. Deve-se tratar com isonomia aqueles que desrespeitam a lei, não cabendo a quem quer que seja o privilégio de não ser incomodado em função de sua notoriedade ou do momento político que atravessa o País.
Por outro lado, muito antes de emitir qualquer opinião sobre a atitude de Bolsonaro é preciso avaliar a extensão da ofensa em que se transformou o programa Bolsa Família, que nos bastidores do PT é reconhecido por muitos de seus caciques como uma eficaz ferramenta para a formação e manutenção de obediente curral eleitoral. E não há degradação maior do que encabrestar politicamente o cidadão, dando em troca alguns trocados sob o manto da erradicação da fome e da miséria.
Em outro vértice do universo do besteirol petista está ninguém menos do que Marta Suplicy, ex-prefeita de São Paulo e agora senadora da República. Certa vez, à frente da administração da maior cidade brasileira, Marta não se conteve diante das reclamações de moradores do bairro Pirajuçara, que protestavam por conta dos estragos provocados pelo transbordamento do córrego homônimo. Naquela ocasião, a ex-alcaidessa, do alto de sua conhecida arrogância, disparou: “Pobre é falso, diz que não tem nada, mas qualquer chuvinha diz que perdeu tudo”.
O ucho.info não faz distinção de qualquer natureza em relação ao próximo, mas é preciso que esses oportunistas, que pegam carona na polêmica que atordoa Jair Bolsonaro, expliquem a diferença entre declarar-se contra o homossexualismo e o fato de Lula ter se referido à cidade de Pelotas de maneira preconceituosa. Se as palavras do ex-presidente não forem consideradas homofóbicas, está provado que o objetivo desse movimento é meramente político.