Falência do sistema – Há uma semana, os alunos e os professores da Escola Classe 111, em Brasília, fizeram uma pequena comemoração com salgadinhos e refrigerantes. Os quitutes vieram pelas mãos do próprio corpo docente e de alguns pais mais participativos. A recepção, embora simples, teve um grande significado. Finalmente, depois de quatorze meses, puderam ser vistos fora de suas caixas os computadores do Programa Nacional de Informática na Educação (Proinfo).
A instalação do kit fornecido pelo Ministério da Educação com quinze estações para o laboratório de informática, no entanto, só foi possível com a dedicação pessoal dos pais. Na base da amizade conseguiram viabilizar fios, cabos e a mão de obra que chegou a R$ 900.
O exemplo da Escola Classe 111, na cidade que é sede de todos os Poderes da República, é emblemático. Os laboratórios do Proinfo estão sendo distribuídos, mas o governo se “esqueceu” de providenciar a instalação dos equipamentos. Somente no ano passado foram distribuídos 37,2 mil laboratórios, mas parte ainda não está em operação, como no caso da unidade escolar do Distrito Federal.
Além de não prever a sua operação, o Programa iniciado em 1997 para atender escolas públicas urbanas e rurais de ensino básico peca por outra falha. Não há dotação orçamentária para treinamento dos professores com a ferramenta o GNU Linux (Linux Educacional 3.0), software livre adotado pelo MEC. Como na maioria das escolas públicas estudam filhos de pais de baixo poder aquisitivo, a ausência desses dois quesitos essenciais se tornam praticamente uma barreira instransponível.
A reportagem do ucho.info checou no Ministério da Educação que o Proinfo é um projeto interessante. Entre 2004 e 2010 foram aplicados R$ 774 milhões de recursos públicos. Teriam sido beneficiados 30 milhões de estudantes se todos os laboratórios estivessem em operação.
É o caso dos alunos e professores de dezessete escolas da região da 24ª Coordenadoria Regional de Educação de Cachoeira do Sul (RS). Eles receberam o laboratório na semana passada, mas podem ficar na mesma situação da escola de Brasília. Em breve outros doze estabelecimentos poderão ser beneficiados pelo Proinfo na cidade gaúcha.
Se todo o sistema funcionasse como deveria, o Proinfo seria uma ferramenta importante no aprendizado dos estudantes da escola pública, como enaltecer o coordenador do Núcleo de Tecnologia Educacional de Cachoeira do Sul. O professor Nilzo Paulo Dias Machado acredita que é uma solução portátil multimídia “que agrega funcionalidades de projetor e unidade de processamento de baixo custo. O equipamento utiliza o sistema operacional”.