Dilma desconversa, mas prefeitos querem a derrubada do veto de Lula da Silva aos royalties do pré-sal

Jogo de interesses – Na palestra proferida aos prefeitos que foram a Brasília na 14ª Marcha organizada pela Confederação Nacional dos Municípios, a presidente Dilma Rousseff conseguiu ficar em cima do muro. Na questão dos royalties do pré-sal, a neopetista avisou que o veto presidencial é problema do Congresso Nacional. Dilma, no entanto, não disse que a manutenção das atuais regras da distribuição dos recursos é peça desenhada pelo Palácio do Planalto.

No ano passado, a Câmara e o Senado votaram contra os interesses do Espírito Santo e do Rio de Janeiro, mas o ex-presidente Lula da Silva vetou o que a maioria decidiu. A questão dos royalties nunca foi superada. Na Marcha dos Prefeitos, o tema volta com força total. A Confederação Nacional dos Municípios (CNM), que continua dando trabalho, quer a derrubada do veto presidencial, pois as prefeituras estão deixando de arrecadar R$ 8 bilhões com a decisão. Os mil prefeitos que estão em Brasília devem pressionar nesta quarta-feira (11) para que aconteça a sessão do Congresso Nacional e que o presidente José Sarney, do Senado e do Congresso, coloque em pauta julgamento do veto ao projeto do pré-sal.

Na terça-feira (10), uma articulação que envolveu o governador capixaba Renato Casagrande (PSB), deputados do seu estado e senadores do Rio de Janeiro, tentou impedir que o veto aos projetos dos royalties fosse apreciado em sessão do Congresso prevista para hoje.

O veto do ex-presidente Lula beneficia o Espírito Santo e o Rio na questão dos royalties do pré-sal, mas se o veto cair só o estado capixaba perderá mais de R$ 1 bi de sua receita. Se for à votação, o veto certamente cairá, porque todas as unidades da federação estão contra os dois estados.

Na tarde de ontem, a deputada Rose de Freitas, vice-presidente da Câmara, realizou uma reunião em seu gabinete, à qual compareceram os senadores Francisco Dornelles (PP) e Lindberg Farias (PT), mas nenhum representante do Espírito Santo participou do encontro.

Enquanto os parlamentares fluminenses e capixabas pediam aos líderes partidários da Câmara a retirada do veto aos royalties da pauta de votações, o governador Renato Casagrande ligava para o presidente do Senado, José Sarney, no outro vértice da articulação. (Imagem: detalhe de quadro do artista Romero Britto)