Tempo quente – Sob o olhar contemplativo da senadora petista Marta Suplicy (SP), os ânimos se exaltaram à porta da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado Federal. Logo após participar de sessão que entre tantos assuntos tratou do acesso dos deficientes visuais aos caixas eletrônicos e a criminalização da homofobia, a senadora Marinor Brito (PSol – PA) se irritou com a panfletagem feita pelo deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) nos corredores do Senado.
Bolsonaro, que vive sob pesado tiroteio por parte da opinião pública depois de entrevero com Preta Gil, no programa CQC, foi ao Senado para divulgar a cartilha em que o governo federal, segundo o parlamentar, incentiva o homossexualismo nas escolhas de primeiro grau. Depois do bate-boca, Jair Bolsonaro disse que nada fez contra Marinor Brito, que agrediu fisicamente o deputado do PP fluminense.
A senadora do Pará, visivelmente alterada, disse aos berros e repetidas vezes que Bolsonaro é homofóbico, criminoso e que deveria estar na cadeia. O tema do homossexualismo ganhou força depois que o Supremo Tribunal Federal reconheceu, há dias, a legalidade e a estabilidade da relação entre homoafetivos.
A discussão que marcou o início da tarde desta quinta-feira (12) em nada contribui para o tema, pois à sociedade é garantido o direito constitucional da livre manifestação do pensamento. Desde que nada faça contra os homossexuais, Jair Bolsonaro pode externar o seu pensamento e em hipótese alguma deve ser considerado homofóbico, como sugeriu a senadora Marinor Brito.
Quando um tema que pode tranquilamente ser absorvido pela sociedade com o passar do tempo acaba sendo imposto de maneira ditatorial e impensada, a reação de parte da população não pode ser diferente da que vivenciamos atualmente. Fato é que cada ser humano tem a sua receita de felicidade, a qual não deve ser alvo de contestações e questionamentos de qualquer ordem.
Apenas para ilustrar, Marinor Brito deve perder o mandato de senadora por conta da decisão do STF de rejeitar a aplicabilidade da Lei da Ficha Limpa nas eleições de 2010. Com isso, assumirá a vaga, após tramites judiciais, o ex-senador Jader Barbalho (PMDB).