Clésio Andrade é a ponta de lança para esvaziar politicamente Aécio Neves em Minas Gerais

Discurso pronto – Enquanto o senador Aécio Neves (PSDB-MG) tenta se equilibrar no papel de oposicionista no cenário nacional, seus adversários trabalham como operários em Minas Gerais. A estratégia tem como metas as eleições municipais de 2012 e para o governo estadual em 2014. A equação seria bem simples. Ao transmitir para o eleitorado mineiro que Aécio pensou mais em si do que no seu povo, o que faz com que Minas Gerais não tenha ao menos um grande projeto em execução, inclusive da iniciativa privada.

As manobras têm o selo do Palácio do Planalto, que devagar credencia o senador Clésio Andrade (PR-MG) como uma das pontas nesse ataque. Na semana passada, o presidente da Confederação Nacional dos Transportes pilotou uma gigantesca reunião com cerca de 170 prefeitos. Em nome da presidente Dilma Rousseff (PT), falou sobre os planos do governo federal e animou a plateia com promessas.

Consolidar a presença junto às prefeituras é uma das iniciativas para esvaziar a liderança de Aécio. Seria uma edição regionalizada do que foi feito em 2008, ação que permitiu construir uma ampla base política para a eleição da sucessora de Lula da Silva. O Palácio do Planalto sempre tratou os prefeitos com alguma proximidade, inclusive com verbas, estratégia que será usada também em Minas.

Clésio Andrade é um empresário com muita influência em seu meio. Seria capaz de criar um novo partido político em questão de meses, pois também representa os interesses de taxistas. O senador tem pretensões de ser o governador de Minas Gerais, mas também não descarta uma dobradinha como vice-governador numa eventual chapa com Fernando Pimentel (PT), hoje ministro da Indústria e Comércio. Pimentel é um dos ministros preferidos de Dilma, pois tira a dependência exagerada do petismo paulista.

As sugestões para o futuro próximo estão previstas, inclusive, em um documento chamado “Fortalecimento de Minas Gerais no cenário nacional”. O grupo a que Clésio Andrade pertence tem afirmado que o estado perdeu importância política. Em governos anteriores, dos cerca de 400 cargos de maior importância na República, pelo menos 40 eram ocupados por mineiros. Na atual conjuntura, seriam apenas três personagens nessa constelação.

O discurso contra Aécio Neves é direto. Ele teria pensado primeiro em se eleger senador e fazer seu sucessor sem analisar questões mais amplas. Teria traído o projeto nacional do PSDB ao negar ser vice na chapa de José Serra à Presidência da República nas eleições passadas. E nos bastidores fez um acordo com Lula da Silva para esvaziar o PMDB do ex-senador Hélio Costa em favor do Partido dos Trabalhadores. Lembram o “Dilmasia” que possibilitou ampla votação para Dilma Rousseff em Minas, contra o baixo rendimento nas urnas do tucano Serra.

Minas Gerais não tem obras significativas, mesmo dentro do Programa de Aceleração do Crescimento. E mesmo os empreendimentos privados deixaram de ser generosos na terra do queixo com goiabada. Para botar mais pilha contra Aécio, o grupo de Clésio Andrade tem afirmado que a empresa Foxconn, de Taiwan, poderia muito bem ter ficado em Minas.

Depois de instalada com investimento de US$ 12 bilhões, a fábrica produzirá de tablets em cinco anos, com geração de muitos empregos, conforme carta de compromisso encaminhada à presidente Dilma. O empreendimento acabou sendo levado para São Paulo por pressão do ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, que tem pretensões de disputar o governo do mais importante estado brasileiro em 2014.