(*) Humberto Azevedo, do Política Real
Os professores José Francisco Soares, da Universidade Federal de Minas Gerais, e Simon Schwartstman, presidente do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade do Rio de Janeiro, fizeram duras críticas aos modelos atuais de dois dos principais programas do governo Federal para medição da educação: Índice de Desenvolvimento da Educação Básica e Exame Nacional do Ensino Médio. As críticas foram feitas na audiência da Comissão Especial do Plano Nacional de Educação.
De acordo com José Francisco, PhD em educação pela Universidade de Michigan, “o Ideb, na forma atual, não se qualifica como indicador adequado para medir a qualidade da escola”, afirmou. Segundo ele, o índice tem uma leitura errada por parte dos governantes e da imprensa. Nota 10 ou nota 0 para ele, que são apontados como o melhor ou pior, “são retratos de que alguma coisa está errada”, disse. “O ideal é a nota 5, que a maioria aponta como baixa”.
A explicação dele para isso é que quando o Ideb atribui a uma escola nota 10 ou 0, significa que todos os alunos são iguais, possuem o mesmo nível de conhecimento e “isso é perigoso”, afirma. O professor José Francisco expôs ainda que o novo PNE precisa tirar do papel aquilo que está disposto no artigo 210 da Constituição Federal (CF). O artigo dispõe de assegurar a formação básica, aquelas matérias que são ensinadas no ensino médio.
Já o educador Schwartstman, que já presidiu o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 1994 a 1998, foi no mesmo sentido. Para ele, o ensino médio deve ser o espaço onde os estudantes possam definir a área de conhecimento que querem prosseguir. “Mas por força da LDB (Lei de Diretrizes e Base da educação), os estudantes são obrigados a estudarem uma grade curricular que ostenta todos os níveis de conhecimento, que ele já deveria ter apreendido”, ministrou.
Apoiando os discursos dos palestrantes, os deputados Rogério Marinho (PSDB-RN) e Raul Henry (PMDB-PE) concordaram com as críticas dos especialistas. “Temos que fazer uma profunda reformulação na educação”, afirmou o tucano potiguar que disse ainda: “os professores tem graves problemas na formação metodológica”. Segundo ele, “o apagão da mão de obra tem muito haver com o gargalho no ensino”.
Já o deputado Artur Bruno (PT-CE) foi o único que defendeu o governo Federal e afirmou que o Enem foi um grande avanço. Para ele, os antigos vestibulares era um natural sistema de exclusão de acesso universitário dos mais pobres. Mas concordou que a visão do ensino médio deve ser mesmo a dos cursos profissionalizantes.