Palocci luta para escapar das garras da oposição, mas o calado José Dirceu continua faturando

Chumbo grosso – O Palácio do Planalto tem trabalhado silenciosamente para blindar Antonio Palocci Filho, ministro-chefe da Casa Civil, que enfrenta o palavrório da oposição e da opinião pública sobre a milionária e repentina evolução de seu patrimônio, entre os anos de 2006 e 2010, época em que cumpriu mandato de deputado federal pelo PT de São Paulo.

Acusado em reportagem do jornal “Folha de S. Paulo” de ter comprado nesse período dois imóveis que totalizam pouco mais de R$ 7,5 milhões – um apartamento e um escritório, ambos em região nobre da cidade de São Paulo – Palocci, que não quer dar explicações sobre o fato, limita-se a informar que o dinheiro para a operação é fruto dos serviços de consultoria financeira prestados por sua empresa, a Projeto.

Como se sabe, Palocci Filho, que foi ministro da Fazenda na era Lula até o escândalo do caseiro Nildo, tinha como clientes instituições bancárias e grandes empresas. O valor atribuído aos dois imóveis é apenas a ponta de um iceberg, por assim dizer, pois há muito que a política não vive de diletantismo e patriotismo. É preciso doses extras de isonomia ao se analisar o escândalo em questão, pois o chefe da Casa Civil certamente não está sozinho no primeiro imbróglio do governo de Dilma Rousseff.

Enquanto Palocci arde na fogueira da maledicência oposicionista, outro petista ilustre, José Dirceu de Oliveira e Silva, que deixou o cenário político oficial por conta de cassação de mandato, continua mandando como quer no PT e no governo federal, além de faturar aos bolhões em suas misteriosas consultorias.

Horas depois de o plenário da Câmara lhe tomar o mandato de deputado federal, José Dirceu, agora submerso, ocupou ilegalmente um dos plenários do setor de Comissões Permanentes para falar com a imprensa e correligionários. Naquela quinta-feira, o ex-comissário palaciano disse que na semana seguinte retomaria a advocacia, pois as contas familiares, a começar pelas pensões pagas aos filhos, não lhe permitiam ficar parado.

Desde então, José Dirceu, que em tempos pretéritos era conhecido como Pedro Caroço, tem se dedicado ao lobby, o que tem feito a alegria de banqueiros oportunistas e empresários de grosso calibre, em especial os do setor de telecomunicações.

Em outras palavras, o fogo pesado disparado na direção de Antonio Palocci Filho é absolutamente necessário no país onde o salário mínimo vale escandalosos R$ 545, mas a metralhadora da cidadania deve girar 360 graus. Do contrário, Palocci funcionará como boi de piranha.