Dívida pública federal ultrapassa R$ 1,7 trilhão e deve comprometer investimentos do governo

Efeito retardado – Certa feita, para estocar e irritar os que faziam oposição ao seu governo, o então presidente Luiz Inácio da Silva adotou o bordão “nunca antes na história deste país”, como se ele [Lula] fosse a derradeira solução para todos os problemas do universo. Acontece que o ex-metalúrgico sequer imaginou que a frase adotada acabaria em uma espécie de arma branca feita sob medida para um harakiri esquerdista.

Como se não bastassem os diversos problemas que recheiam a herança maldita que deixou aos brasileiros e principalmente à sua sucessora, a neopetista Dilma Rousseff, o messiânico Lula vê a inflação obrigar o aumento dos juros, o que há duas décadas era o prato principal do cardápio de contestação do PT, que à época contestava toda e qualquer ação que prejudicasse o trabalhador.

Além de prejudicar diretamente o brasileiro no seu dia a dia, a alta de juros eleva de maneira assustadora a dívida do País, que até o final de 2011 deve alcançar a casa dos R$ 2 trilhões. Situação que faz com que o Estado não consiga dar de maneira minimamente adequada aos cidadãos a contrapartida dos impostos pagos, sempre lembrando que a carga tributária brasileira corresponde a pouco mais de um terço do Produto Interno Bruto.

De acordo com o Tesouro Nacional, em abril a dívida pública federal aumentou 2,34% e chegou à incrível marca de R$ 1,73 trilhão. Sem nenhum devaneio na hora de fazer as contas, chega-se à conclusão aritmética de que a dívida pública federal cresce à taxa de 2% ao mês. Percentualmente pode representar muito pouco, mas quando tal índice é aplicado aos assustadores números da dívida o futuro ganha previsão nada sombria.

O problema maior está na decisão do governo federal de subir a taxa básica de juros, a Selic, para conter a inflação, medida que tem a eficácia contestada por muitos especialistas. Quando o Copom puxa para cima a Selic, a reboque seguem muitos títulos do governo brasileiro, cuja remuneração tem como indexador a variação da taxa básica de juros. Na outra ponta, os títulos federais têm a remuneração atrelada à inflação. O contingente de títulos corrigidos pela inflação saiu de 28,33% para 28,54%, enquanto o volume de papéis federais remunerados pela taxa básica de juros sofreu redução de 32,34% para 32,13%. Em outras palavras, os investidores estão céticos em relação às ações do Palácio do Planalto para debelar a inflação.

Com uma dívida pública que ultrapassa 50% do PIB de 2010, que ficou na casa dos R$ 3,675 trilhões, é impossível imaginar que o governo federal terá dinheiro disponível para investir nas obras da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016, para não falar nas tantas mazelas que estão esparramadas em todos os rincões verde-louros por falta de competência do Estado.