Paloccigate: ex-colaboradora afirma que ministro não tinha tempo para consultorias

Sem saída – Pressionado pela opinião pública e agora pelos companheiros de partido, o petista Antonio Palocci Filho, ministro-chefe da Casa Civil, já admite a hipótese de explicar a milionária e misteriosa evolução de seu patrimônio, que em apenas quatro anos foi multiplicada por vinte.

O tempo a que Palocci e o Palácio do Planalto se dedicaram ao silêncio sepulcral serviu para que provas e verdades fossem esculpidas sob encomenda, de forma a dar ares de veracidade às desculpas que serão apresentadas pelo ministro, que cogita a possibilidade de se explicar durante entrevista (provavelmente ao Jornal Nacional), o que deve alimentar ainda mais a fogueira que chamusca o número 2 do governo federal.

Anos antes do início do escândalo, os jornalistas do ucho.info já tinham chamado a atenção dos leitores e das autoridades para a atividade paralela de Palocci Filho, que à época dava os primeiros passos rumo ao milionário mundo da consultoria.

Na ocasião, uma então colaboradora de Antonio Palocci Filho se encarregava da emissão da notas fiscais, como noticiamos em matéria publicada anteriormente. Essa pessoa concordou em conversar com a reportagem do ucho.info sob a condição do sigilo total, pois há o temor de uma represália violenta e tardia.

Depois da conversa, a então colaboradora de Palocci Filho enviou duas curtas mensagens para um dos telefones celulares da redação. Em uma delas, a nossa entrevistada afirma que as notas fiscais eram legais, mas que o ministro exagerou na quantidade de consultorias prestadas em um mês.

Em outra, mais uma vez o nome do assessor Brani Kontic veio à tona. De acordo com nossa entrevistada, o então chefe de gabinete acompanhava a emissão de notas fiscais da Projeto Consultoria. Homem de confiança de Palocci Filho, o fiel escudeiro Brani tem cargo de chefia na Casa Civil.

Por questões óbvias a então responsável pela emissão das notas fiscais da Projeto Consultoria desconhece a tênue linha que separa a legalidade de uma ação profissional e o tráfico de influência, mas fica claro nas mensagens era impossível conciliar o mandato de deputado federal com a atividade de consultor financeiro.

No contraponto da linha de raciocínio da ex-colaboradora, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que defende a necessidade de Palocci dar explicações, disse há dias que o chefe da Casa Civil fez, em um ano, mais de cem palestras, algo inviável para alguém que no exercício de um mandato de deputado federal passa pelo menos três dias em Brasília.