Com a participação de Lula, programa do PMDB foi uma reunião de monges da política

Longe da realidade – Quem acompanhou pelo rádio ou pela televisão o programa político do PMDB pode ter imaginado que se tratava da pregação de um monge tibetano, tamanho foi o “bom-mocismo” exalado pelos caciques do partido. Logo de início, para não deixar dúvidas, o presidente do Senado Federal, José Sarney, disse que sempre buscou “o princípio da paz interior”. Os que conhecem minimamente o Maranhão sabem do que é capaz o clã político de Sarney, que há cinco décadas governa com despotismo o mais miserável estado brasileiro.

Na sequência foi a vez do senador Renan Calheiros, de Alagoas, destilar no programa do PMDB a sua conhecida face lenhosa. Calheiros, que por conta de conchavos não perdeu o mandato de senador, disse que o melhor da vida pública “é ver sonhos se transformarem em realidade”. Quando foi alvo do escândalo que envolveu a jornalista Mônica Veloso, o senador alagoano conseguiu o que ele vociferou no programa do PMDB. E uma reles vaca alagoana tornou-se muito mais valiosa que uma vaca da índia, onde o animal é considerado sagrado.

Como noticiou o ucho.info, a participação de Luiz Inácio da Silva no programa foi mais um recado duro do partido à presidente Dilma Rousseff e seus assessores, que sem traquejo político desejam tratar o PMDB como reles apêndice de um projeto totalitarista. Lula agradeceu o apoio do PMDB durante os oito anos em que esteve presidente, mas aproveitou a oportunidade para lembrar que o partido de Michel Temer será importante para o sucesso do governo de Dilma Rousseff. Ou seja, o ex-presidente mais uma vez tentou salvar a pele de sua sucessora, não sem antes mostrar que continua mandando.

O encerramento do programa coube ao vice-presidente da República, que em tom de profecia disparou: “o nosso futuro tem de ser digno com o nosso passado”. Considerando que o passado recente condena o PMDB, não há como apostar em um futuro maravilhoso.