Camisa de força – Lançado na última semana, em meio à crise gerada pelo imbróglio de Antonio Palocci Filho, o programa “Brasil sem Miséria” ainda continua no papel, mas o Palácio do Planalto já gasta o suado dinheiro do contribuinte para propagandear uma das promessas da campanha de Dilma Rousseff. Conviver com a miséria é inaceitável, mas anunciar algo que ainda não aconteceu, para um público que não será beneficiado, é no mínimo sandice oficial.
Sob o manto do slogan do governo da neopetista Dilma, “País rico é país sem pobreza”, a campanha do “Brasil sem Miséria” destaca que o programa atenderá aproximadamente 16 milhões de brasileiros que vivem em estado de extrema pobreza. Considerando que é cedo demais para alardear o que não foi realizado, a campanha publicitária precisou de assunto para ser gazeteado. E a saída foi lembrar que 36 milhões de pessoas ingressaram na classe média.
Na verdade, esse propalado aumento da classe média se deu através do crédito fácil, que levou milhões de brasileiros a índices recordes de endividamento e auxiliou no crescimento da inadimplência. Essa operação milagrosa que arremessou milhões de incautos em classe social superior resultou da estratégia do governo do então presidente Luiz Inácio da Silva, que debochadamente tratou a crise financeira internacional como marolinha, não sem antes afirmar que a culpa dos loiros de olhos azuis, mas colocou os brasileiros em situação de dificuldade.
Fora isso, a campanha do “Brasil sem Miséria”, que enfoca o crescimento da economia, não trata do amaldiçoado espólio de Lula da Silva, que deixou aos seus súditos o fantasma da inflação. Traduzindo para o bom e velho idioma dessa tresloucada Terra de Macunaíma, a presidente Dilma Rousseff é, de fato, a continuidade de Lula. Pelo menos quando o assunto é abusar da pirotecnia oficial para fazer de uma mentira evidente a mais frágil das verdades.
Para finalizar, sugerimos que alguém avise à presidente Dilma que o “Brasil sem Miséria” precisa de ação, não de propaganda. Até porque, como dizia o saudoso Herbert de Sousa, o Betinho, “quem tem fome tem pressa”. (Foto: Exame – Editora Abril)
